Doença antes ligada apenas ao envelhecimento agora também é associada ao estresse e à saúde mental
Durante muito tempo, a doença de Parkinson foi atribuída quase exclusivamente ao avanço da idade e à predisposição genética. No entanto, uma nova perspectiva vem ganhando força entre especialistas: o impacto profundo dos fatores emocionais, como ansiedade crônica e estresse persistente na origem e progressão da doença.
A neurologista Roussiane Gaioso, cooperada da Unimed Goiânia, reforça essa visão e aponta que distúrbios emocionais podem não apenas agravar os sintomas já conhecidos da condição, como também acelerar seu surgimento. “A ansiedade é um mecanismo de defesa do cérebro. Quando normal, ela ajuda a preparar o corpo para lidar com os desafios. Mas, quando excessiva ou persistente, pode se tornar um transtorno mental e ser, sim, gatilho para apresentação de outras doenças, como o Parkinson”, explica a médica.
Essa associação se dá, segundo ela, pela instabilidade nos neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, substâncias vitais para o funcionamento do cérebro. O desequilíbrio químico causado pelo estresse pode contribuir para a degeneração neuronal, especialmente em regiões que regulam o movimento, como os gânglios da base.
Os sinais iniciais do Parkinson, muitas vezes sutis, podem se misturar aos efeitos da própria ansiedade. Tremores nas mãos, rigidez muscular, lentidão nos movimentos (bradicinesia) e alterações posturais podem parecer, à primeira vista, reações a episódios de estresse.
“Esse tremor pode até ser confundido com a ansiedade no início, já que também piora com o estresse emocional”, afirma Roussiane. Com o tempo, outros sinais começam a surgir, como perda de expressão facial, escrita reduzida (micrografia), piscar mais lento e postura encurvada. De todos os sintomas, a lentidão motora é o mais determinante para o diagnóstico clínico.
Apesar de afetar, em sua maioria, homens acima dos 60 anos, o Parkinson também pode se manifestar precocemente, a partir dos 40, especialmente em pessoas com histórico familiar da doença e estilo de vida desregulado. “Pacientes que sofrem com ansiedade crônica e estresse intenso apresentam um desequilíbrio hormonal e de neurotransmissores que favorecem a degeneração das células que produzem dopamina”, acrescenta a médica.
Embora não exista cura definitiva para a doença, medidas preventivas e o diagnóstico precoce são essenciais para manter a qualidade de vida dos pacientes. Adotar hábitos saudáveis, praticar exercícios físicos regularmente e buscar acompanhamento psicológico são atitudes fundamentais.
“Estilo de vida saudável, alimentação balanceada, prática regular de atividade física e, principalmente, cuidados com a saúde mental são fundamentais. Alterações neuropsiquiátricas devem ser investigadas precocemente por profissionais capacitados”, orienta Roussiane.
Ela finaliza com um alerta que resume a urgência de se atentar à saúde emocional: “Aguentamos por muito tempo um transtorno ansioso sem grandes consequências, mas não aguentamos o tempo todo. O organismo vai sinalizar cansaço, e o cérebro também. E isso pode custar muito caro para a saúde neurológica”. Cuidar da mente pode ser o primeiro passo para preservar o corpo.
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