Uso indiscriminado de medicamentos aumenta no clima frio e coloca milhares de vidas em risco
Com a chegada do outono e a aproximação do inverno, as temperaturas mais baixas e a variação térmica trazem mais do que apenas o frio. Especialistas alertam para o aumento de doenças respiratórias, especialmente em crianças e idosos, além da elevação no consumo de medicamentos, muitos deles sem prescrição médica. A combinação entre baixa umidade, poeira, fumaça e ar seco agrava os sintomas alérgicos e respiratórios típicos da estação.
Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), 77% dos brasileiros consomem remédios sem consultar um médico. Essa prática perigosa se intensifica no outono, quando sintomas como tosse, dor de garganta e coriza surgem com mais frequência. A médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta alerta: “É comum as pessoas, por conta própria, consumirem xaropes, descongestionantes nasais, antitérmico, analgésicos e outros medicamentos para aliviar os sintomas de tosse, nariz entupido e outros males que aparecem nesta época do ano”.
O uso indiscriminado de medicamentos pode causar mais mal do que bem. Dados da Anvisa mostram que a intoxicação por automedicação lidera o ranking de ocorrências no Brasil, superando até produtos de limpeza e alimentos contaminados. Entre os remédios mais usados estão antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatórios. O alerta não é novo, mas os números impressionam: a Abifarma aponta que 20 mil pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência da automedicação.
Xaropes, por exemplo, parecem inofensivos, mas quando tomados em excesso ou por tempo prolongado podem causar complicações sérias. A médica explica que esses medicamentos podem “alterar a imunidade, causar aumento da pressão arterial e até colaborar para quadros graves”. O uso sem indicação médica também pode agravar infecções, ao invés de tratá-las, e mascarar os sintomas reais da doença.
“Quando esse medicamento é utilizado de forma inadequada e sem orientação, pode provocar alterações da pressão arterial, infarto e angina”, ressalta Juliana Caixeta. Ela reforça que todo sintoma tem uma origem e precisa ser avaliado com critério. A automedicação pode parecer uma solução rápida, mas frequentemente atrasa diagnósticos importantes.
O impulso de eliminar rapidamente o incômodo causado por sintomas respiratórios leva muitos ao erro. “Esses sintomas iniciais funcionam como alertas, ou seja, indicam que algo de errado está acontecendo no organismo”, explica a médica. Tosse persistente, coriza e dor muscular não devem ser ignorados nem tratados sem diagnóstico. Isso pode esconder doenças infecciosas como a gripe ou até coqueluche.
Xaropes contendo substâncias como levodropropizina, codeína e descongestionantes são frequentemente usados por conta própria, mas oferecem riscos importantes. “Ao praticar automedicação, a pessoa pode mascarar o real problema, agravando seu quadro de saúde e até desencadeando outras patologias graves”, alerta a especialista.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 10% das internações hospitalares sejam causadas por reações adversas a medicamentos. Um remédio indicado por um parente ou amigo pode parecer seguro, mas esconder armadilhas para o organismo. “Você pode estar colocando a vida dela em risco”, enfatiza Caixeta.
O histórico de saúde, idade e alergias precisam ser considerados antes de qualquer prescrição médica. “Fatores como histórico de saúde de cada pessoa, questões alérgicas e idade têm grande influência na recomendação do remédio”, pontua Juliana. Mesmo que duas pessoas tenham sintomas semelhantes, o mesmo medicamento pode ser ineficaz ou até perigoso.
Sem supervisão médica, o uso contínuo de remédios pode resultar em superdose, com riscos reais de overdose fatal. O problema se agrava quando substâncias com potencial de dependência estão envolvidas. É o caso da codeína, presente em muitos xaropes. “Esse fármaco é um opióide com efeito analgésico e antitussígeno potente, que age no sistema nervoso central inibindo a sensação de dor”, explica a médica. Em doses altas e sem controle, pode causar dependência e complicações respiratórias graves.
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Jornalista pós-graduada em Comunicação Organizacional e especialista em Cultura, Arte e Entretenimento. Com ampla experiência em assessoria de imprensa para eventos, também compôs redações de vários veículos de comunicação. Já atuou como agente de viagens e agora se aventura no cinema como roteirista de animação.
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