Casa de Cultura da Juventude de Goiânia é exemplo nacional de transformação pela arte

A representação goiana no evento do MinC, no Ceará, mostra que Goiás é potente em cultura urbana

Casa da Cultura da Juventude muda vidas (Foto: Divulgação)

A presença da Organização da Sociedade Civil Instituto Educação, Cultura e Vida – Casa de Cultura da Juventude no Encontro Nacional do Programa Olhos D’Água – Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura, promovido pelo Ministério da Cultura, é mais do que uma conquista institucional. É a comprovação de que, quando o poder público investe em políticas culturais de base, surgem faróis de esperança nos territórios periféricos do Brasil. E Goiânia é um deles.

Fundada em 2012, a Casa de Cultura da Juventude — também conhecida como Casa do Hip Hop Gyn — não apenas representa Goiás em um evento nacional, mas um modelo de atuação que articula arte, educação e inclusão social com eficácia e sensibilidade. Localizada no Jardim Guanabara, região periférica da capital, a entidade atua com jovens em situação de vulnerabilidade, oferecendo formação cultural gratuita em diversas linguagens artísticas.

Este destaque nacional da instituição goiana em um evento do MinC é merecido. Com oficinas de música, cinema e Hip Hop em Goiânia (abrangendo Breaking, DJ, Graffiti e MC), a Casa é a única organização no Brasil a executar um projeto cultural que contempla todos os quatro elementos da cultura Hip Hop no contexto do Programa Olhos D’Água. Além do protagonismo negro e periférico, o que reforça seu papel na luta contra as desigualdades históricas.

O poder de transformação do Hip Hop

É simbólico — e necessário — ver o Hip Hop ocupar espaços institucionais de formação e representação cultural. O movimento urbano, muitas vezes marginalizado, prova que é também uma poderosa ferramenta pedagógica. Com a participação de representantes como a B.girl e arte-educadora Fanny e o rapper/produtor CDJota, a Casa de Cultura da Juventude de Goiás mostra que arte e política caminham juntas.

A força da Casa de Cultura da Juventude está também na sua atuação em rede. Além de Ponto de Cultura reconhecido pelo MinC, é integrante de fóruns e coletivos nacionais, fundadora da Corporação Nacional das Casas de Cultura Hip Hop, e articuladora de eventos que movimentam a cena cultural goiana, como a Semana da Cultura Hip Hop e o Grande Goiânia Hip Hop.

Outro braço importante da instituição é o selo Guaná Records, que democratiza o acesso à produção musical para artistas da periferia. Isso significa muito mais do que gravar música: significa garantir que vozes historicamente silenciadas tenham o direito de ecoar.

Por que falar da Casa de Cultura da Juventude importa? Em tempos de cortes de verba e de discursos que criminalizam a cultura periférica, a história da Casa de Cultura da Juventude é um chamado à ação. Precisamos fortalecer, replicar e proteger iniciativas como essa. Quando uma casa de cultura se torna um porto seguro para centenas de jovens, ela cumpre um papel que vai muito além da arte: ela forma cidadãos conscientes, críticos e criativos. A representação goiana no Ceará não é apenas simbólica: é urgente. Mostra que Goiás pulsa cultura urbana viva, e que a periferia não é carência — é potência.

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Autor: Mari Magalhães

Mari Magalhães é jornalista, roteirista, assessora de imprensa e fotodocumentarista com mais de 10 anos de atuação na cultura goiana Seu foco está voltado para novos talentos da música urbana contemporânea, cinema e atividades da cena underground. Contato:[email protected]

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