Companhia de Dança Deborah Colker apresenta “Sagração” em Goiânia

A Companhia de Dança Deborah Colker retorna ao palco do Teatro Goiânia nos dias 23 e 24 de agosto com seu mais novo espetáculo, “Sagração”, que oferece uma releitura inovadora de “A Sagração da Primavera” de Igor Stravinsky. Sob a direção de Deborah Colker, a obra clássica é reinterpretada através de uma fusão única entre a música erudita e os ritmos tradicionais brasileiros, inspirada por concepções ancestrais sobre a origem do mundo. As apresentações acontecem às 21h em ambas as noites.

A turnê, que comemora os 30 anos da companhia, é realizada com o apoio do Ministério da Cultura e do Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e conta com o patrocínio da Petrobras. Desde sua fundação, a companhia já realizou mais de duas mil apresentações em mais de 100 cidades de 32 países, alcançando um público total de cerca de 3,5 milhões de pessoas.

“Participamos de inúmeras transformações na cultura, política e economia ao longo desses anos. Nosso sucesso se deve a esse espírito de evolução, um tema central no novo espetáculo,” afirma João Elias, diretor executivo e cofundador da companhia ao lado de Deborah Colker.

Processo criativo e influências – Companhia de Dança Deborah Colker

O processo criativo de “Sagração” durou cerca de dois anos e meio. A produção é uma adaptação livre da icônica obra de Stravinsky, que revolucionou o mundo da música ao introduzir novas estruturas rítmicas e harmônicas. A obra, originalmente estreada em Paris em 1913, tornou-se um marco na história do balé.

“Quando decidi recontar esse clássico, queria uma perspectiva baseada na cosmovisão dos povos originários do Brasil,” explica Deborah Colker, que além de coreógrafa, é pianista. “Stravinsky explorou a interseção entre o erudito e o primitivo, e ‘A Sagração da Primavera’ simboliza esses momentos de evolução da humanidade”.

A inspiração para essa versão de “Sagração” veio durante uma viagem ao Xingu, onde Deborah participou do Kuarup e teve a oportunidade de interagir com as aldeias indígenas Kalapalo e Kuikuro. Foi lá que ela conheceu Takumã Kuikuro, cineasta que compartilhou a história de como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei. Essa narrativa é incorporada ao espetáculo, com a narração feita pelo próprio Takumã.

“Tudo começou com uma mulher. Uma avó. A avó do mundo,” reflete Deborah, que, ao lado do dramaturgo Nilton Bonder, revisitou a mitologia judaico-cristã para enriquecer a dramaturgia da peça. Cenas inspiradas no “Gênesis” retratam passagens sobre Eva e a serpente e Abraão, destacando momentos de ruptura na trajetória humana. “Esses mitos exploram a autonomia e a evolução da consciência humana,” complementa Bonder.

Além das referências mitológicas, Deborah Colker também buscou inspiração na literatura científica, incorporando personagens que representam bactérias, herbívoros e quadrúpedes ao espetáculo. “Nossa dramaturgia é construída com a poesia presente em mitos e teorias que exploram a existência da vida em nosso planeta,” enfatiza a coreógrafa.

Musicalidade e ritmos brasileiros

A trilha sonora de Stravinsky foi enriquecida com a sonoridade das florestas e os ritmos vibrantes do Brasil. O diretor musical Alexandre Elias adicionou elementos como boi bumbá, coco, afoxé e samba à partitura original, criando um diálogo entre o erudito e o popular. Flauta de madeira, maracá, caxixi e tambores se juntam aos acordes da orquestra, enquanto paus de chuva são tocados ao vivo pelos bailarinos durante a apresentação.

“Foi um privilégio mergulhar profundamente na estrutura dessa obra e adaptá-la com essas novas sonoridades,” afirma Alexandre Elias, ressaltando a importância de manter o espírito inovador de Stravinsky vivo enquanto se homenageia as ricas tradições musicais do Brasil.

Espetáculo Sagração – Companhia de dança Deborah Colker
Data: 23 e 24 de agosto
Local: Teatro Goiânia (R. 23, 252 – St. Central, Goiânia – GO)
Ingressos: a partir de 19,80 | Sympla e Komiketo Sanduicheria (Av. T-4)

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