A turnê vai percorrer as cidades de Goiás, Itapuranga e Goiânia com apresentações gratuitas
Ao se aproximar de seu centenário, o Congo Vilaboense reafirma não apenas a força de sua musicalidade e religiosidade, mas sobretudo o papel da ancestralidade negra na formação cultural do nosso estado. O Terno de Congo da Cidade de Goiás inicia sua turnê comemorativa nesta sexta-feira, dia 3 de outubro, rumo aos 100 anos de existência para nos lembrando de que cultura é também território de luta, identidade e resistência.
O Congo é um dos principais ternos de Congada, manifestação afro-brasileira que mistura elementos das tradições africanas com a religiosidade católica. Dentro desse grande universo da Congada, o Congo tem sua própria identidade musical e ritual, marcada pelo ritmo dos tambores, cantos e devoção a santos como Nossa Senhora do Rosário.
Não é por acaso que o grupo nasce e permanece enraizado nas comunidades rurais, sob a liderança de figuras como o Rei do Congo, Sr. Zezé de Arruda, que já está há 80 anos mantendo vivo esse legado. Sua devoção traz à tona símbolos que, ao longo da história, serviram de refúgio e resistência para os povos negros diante da opressão colonial e do racismo estrutural que ainda marca a sociedade brasileira.
A preservação do Congo Vilaboense é um gesto político. O reconhecimento desse patrimônio imaterial não pode se limitar à memória folclórica ou turística. É preciso compreendê-lo como um direito cultural, como algo que deve ser fortalecido por políticas públicas consistentes, garantindo não apenas a realização de apresentações pontuais, mas a continuidade de uma tradição viva, capaz de dialogar com novas gerações.
A turnê rumo ao centenário vai percorrer as cidades de Goiás, Itapuranga e Goiânia, e leva consigo música, devoção e uma lição de pertencimento coletivo, além de nos ensinar que preservar a cultura afro-brasileira é, antes de tudo, enfrentar as tentativas de apagamento e reafirmar que a história deste país não pode ser contada sem a centralidade das comunidades negras.
Participar de uma de suas apresentações não é apenas prestigiar um espetáculo artístico. É um ato de reconhecimento, respeito e compromisso com a preservação desta herança cultural. Confira a programação da turnê centenária do Congo Vilaboense:
03/10 – 20h – Cidade de Goiás (GO) – Igreja de Nossa Senhora do Rosário
05/10 – 9h- Itapuranga (GO) – Igreja de Nossa Senhora do Rosário
20/11 – 9h – Goiânia (GO) – Sede Social do Centro de Cidadania Negra do Estado de Goiás/CENEG-GO
22/11 – 20h – Cidade de Goiás (GO) – Mercado Municipal
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Mari Magalhães é jornalista, roteirista, assessora de imprensa e fotodocumentarista com mais de 10 anos de atuação na cultura goiana Seu foco está voltado para novos talentos da música urbana contemporânea, cinema e atividades da cena underground. Contato:[email protected]
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