Com entrada gratuita, "Jinga" e "Olhos Castos" chegam ao público em sessão especial no dia 7 de agosto; temas discutem racismo, ancestralidade e memória
Dois curtas-metragens de animação estreiam nesta quinta-feira (7), às 20h, no Cine Cultura, em Goiânia. As produções “Jinga” e “Olhos Castos”, dirigidas pelo cineasta goiano Felipe Pitombo, serão exibidas gratuitamente em uma sessão única e especial.
Voltadas tanto ao público infantojuvenil quanto adulto, as obras mergulham em assuntos importantes e profundos como racismo estrutural, valorização da ancestralidade africana, empoderamento e memórias da infância.
A sessão integra o calendário da Lei Paulo Gustavo, com apoio da Secult Goiás, do Ministério da Cultura e do Governo Federal. Com produção assinada pelo Pitombo Studio, referência em animação 2D no Centro-Oeste, os curtas prometem emocionar e provocar reflexão com uma estética singular e linguagem poética.
O curta “Jinga” tem 14 minutos de duração e narra a história de uma menina de 12 anos que sofre racismo na escola. A reviravolta acontece quando ela ganha de sua avó um colar que pertenceu à Rainha Nzinga Mbandi, símbolo da resistência contra a escravidão na Angola do século XVII.
Guiada por visões do passado e pela força de suas raízes, a jovem encontra coragem para transformar sua realidade. A narrativa é inspirada em estudos da historiadora Tiffane Gil, e carrega uma metáfora poderosa sobre autoestima e identidade.
A técnica mistura cut-out com animação tradicional e cria contrastes visuais entre os universos da garota e da rainha, ressaltando a profundidade simbólica da jornada da protagonista.
Baseado no poema da escritora Leodegária de Jesus, “Olhos Castos” aposta na delicadeza para explorar as marcas da infância. A animação, com 9 minutos e sem diálogos, acompanha os personagens Isabel e Jorge ao longo da vida.
A trilha sonora e os efeitos cuidadosamente aplicados ajudam a costurar uma narrativa que flui entre a realidade e o que se passa no interior dos personagens, desenhado como se fosse com giz de cera – recurso que evoca a memória afetiva da infância.
Além de dialogar com questões emocionais, o curta resgata a obra de uma das primeiras poetisas negras goianas, valorizando a literatura feminina e negra do estado de Goiás.
As animações de Pitombo não se limitam ao entretenimento. Com sensibilidade e domínio técnico, o diretor usa a linguagem visual como ferramenta de transformação social. “Tanto Jinga quanto Olhos Castos são convites ao encantamento e à reflexão – feitos com delicadeza, mas também com urgência”, diz o cineasta.
Com mais de uma década de atuação, Felipe acumula experiência em produções como “Irmão do Jorel” e “Acorda, Carlo” (Netflix), e dirige o Pitombo Studio, que tem se destacado por produções premiadas e envolvidas com a cultura afro-brasileira.
Exibição única de "Jinga" e "Olhos Castos"
Data: quinta-feira, 7 de agosto
Horário: às 20h
Local: Cine Cultura (Centro Cultural Marieta Telles Machado - Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, 2 - Centro, Goiânia - GO)
Valor: gratuito
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Apaixonada por jornalismo musical, ambiental e político, tem interesse por diferentes culturas e idiomas. Além da redação, é também fascinada por fotografia e pelo universo do entretenimento da Coreia do Sul. Com pautas focadas no mundo da arte, do entretenimento e da cultura pop asiática, busca trazer leveza ao caos do dia a dia, além de promover o acesso à informação e gerar oportunidades para todos.
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