Exposições transformam a Vila Cora Coralina em palco de arte afetiva e resistência visual

Artistas Glauco Gonçalves e Daniel Oliveira abrem mostras que ressignificam memória, identidade e pertencimento em Goiânia

Vila Cultural Cora Coralina recebe novas exposições (Foto Secult Go)

A Vila Cultural Cora Coralina, em Goiânia, será palco de duas potentes exposições, que estreiam nesta terça-feira (24/6), às 19h. A promessa é de provocar o público com arte acessível, sensível e politicamente relevante. As mostras “Orfanato Pictórico”, de Glauco Gonçalves, e “Olhares Sensíveis”, de Daniel Oliveira, convidam o visitante a repensar a produção artística fora dos centros tradicionais e a se conectar com a emoção em estado bruto.

“Orfanato Pictórico” apresenta cerca de 150 obras coletadas na Feira da Marreta, tradicional ponto de vendas populares de Goiânia. O projeto, que ocupa a galeria principal, é resultado de três anos de pesquisa e imersão no universo visual da feira. Ao mesmo tempo, “Olhares Sensíveis” ocupa a Sala Sebastião Barbosa, propondo uma experiência íntima sobre masculinidade, afeto e diversidade corporal.

Ambas as mostras têm entrada gratuita e estão classificadas para maiores de 14 anos. As visitas poderão ser feitas diariamente, das 9h às 16h, com permissão para entrada de animais de estimação, desde que com coleira.

Arte da rua à galeria: o valor do que é esquecido

Curada por Paulo Duarte-Feitoza, “Orfanato Pictórico” nasce do trabalho performático de Glauco Gonçalves, que percorreu a Feira da Marreta, realizada aos domingos no Setor Central, para coletar e resgatar materiais descartados: pinturas anônimas, desenhos infantis, bordados, arte sacra popular e frases motivacionais. Para o artista, o valor estético dessas peças está justamente em sua espontaneidade.

Ao reunir esses trabalhos em um espaço tradicional, a mostra questiona autoria, pertencimento e valor artístico, promovendo uma espécie de adoção simbólica dessas obras rejeitadas. “A exposição alterna entre o lúdico, o melancólico e o poético”, resume a curadoria.

Além da visitação, a exposição oferece atividades paralelas como oficinas educativas, rodas de conversa e mediações para estudantes da rede pública, ampliando o acesso e o diálogo sobre arte e memória coletiva.

Exposições em Goiânia: a arte de sentir

Enquanto Gonçalves apresenta obras “órfãs” de autoria e espaço, Daniel Oliveira lança um olhar delicado sobre emoções marginalizadas em “Olhares Sensíveis”. A mostra é dividida em três séries principais, todas guiadas por temas como empatia, liberdade emocional e inclusão. “Essa exposição é sobre permitir-se sentir, sobre ver beleza na vulnerabilidade. É também um abraço visual a todos que já se sentiram fora do que esperavam deles”, afirma o artista.

Com linguagem acessível e poética, Oliveira propõe uma quebra de estigmas, como os que associam masculinidade à frieza e força constante. As obras convidam o público a observar com calma e, quem sabe, se reconhecer nelas.

Formado pela Faculdade de Artes Visuais da UFG, Daniel Oliveira já atuou como Danink, nome artístico que marcou sua fase inicial. Em 2025, retoma o nome de batismo como símbolo de reconexão com sua identidade criativa.

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Pollyana Cicatelli
Autor: Pollyana Cicatelli

Jornalista pós-graduada em Comunicação Organizacional e especialista em Cultura, Arte e Entretenimento. Com ampla experiência em assessoria de imprensa para eventos, também compôs redações de vários veículos de comunicação. Já atuou como agente de viagens e agora se aventura no cinema como roteirista de animação.

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