Fica 2025 traz cinema com diálogo ambiental e sobre povos originários do Brasil

Festival em Goiás reúne ícones do cinema e da luta socioambiental em uma programação potente e transformadora

Ailton Krenak marcará presença no Fica 2025 (Foto: Arquivo Pessoal)

A histórica cidade de Goiás se prepara para receber, entre os dias 10 e 15 de junho, uma das edições mais significativas do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). Em sua 26ª edição, o evento traz nomes de peso que unem cinema, ativismo e resistência. Entre os convidados estão Ailton Krenak, Vincent Carelli e João Moreira Salles, personalidades que não apenas representam trajetórias marcantes, mas carregam consigo discursos transformadores.

Krenak, escritor e filósofo indígena reconhecido no Brasil e no exterior, assume a presidência do júri da Mostra Competitiva Washington Novaes. Ele retorna ao festival pela terceira vez. “A participação dessas figuras emblemáticas diz muito sobre o amadurecimento do Fica”, afirma Pedro Novaes, diretor de programação. Também no júri, o cineasta e indigenista Vincent Carelli, fundador do premiado projeto Vídeo nas Aldeias, soma sua voz aos debates sobre memória e direitos dos povos originários

Outro destaque é o documentarista João Moreira Salles, que exibe no festival o impactante “Minha Terra Estrangeira”, realizado com o Coletivo Lakapoy e a cineasta Louise Botkay. A sessão será seguida de uma conversa com o público, contando com a presença de figuras centrais do longa.

Histórias de luta e identidade ecoam no cinema

O filme acompanha Almir Suruí, líder indígena e então candidato nas eleições de 2022, e sua filha Txai Suruí, jovem ativista ambiental, nos dias que antecederam o pleito. Com imagens potentes e uma narrativa íntima, a obra oferece um mergulho nas tensões políticas e sociais vividas pelos povos originários. A exibição no Fica será apenas a segunda no Brasil, após a estreia no festival É Tudo Verdade.

Participam também da sessão Neidinha Suruí, mãe de Txai e uma das mulheres mais importantes na defesa da floresta. “Minha Terra Estrangeira” propõe um olhar crítico sobre o Brasil contemporâneo, guiado por quem vive na linha de frente das transformações ambientais e culturais. Neidinha é reconhecida por sua atuação com indígenas isolados e foi pioneira nas expedições da FUNAI com esse propósito.

Para Pedro Novaes, o peso simbólico dessas presenças é uma conquista coletiva. “Nenhum desses nomes tem uma agenda simples. A participação deles aqui mostra o respeito e a relevância que o Fica conquistou”, diz. O festival se consolida, segundo ele, como um espaço de reflexão profunda e comprometida com as causas mais urgentes da atualidade.

Plataforma de resistência e visibilidade social no Fica 2025

Além de Krenak e Carelli, o júri da mostra competitiva reúne a líder quilombola Marta Kalunga, os cineastas Jarleo Barbosa e Bruno Jorge, além da atriz e produtora Bel Kowarick. O grupo simboliza a diversidade de olhares e narrativas que o Fica busca amplificar. A curadoria aposta em pluralidade, com espaço garantido para vozes negras, indígenas e periféricas.

A presença constante de Krenak e Carelli ao longo dos anos mostra que o festival não é apenas um palco, mas uma trincheira de ideias. Ambos já foram premiados e homenageados em edições anteriores, e agora voltam como jurados, fortalecendo o elo entre tradição, audiovisual e militância.

Para quem acompanha a trajetória do festival, a edição de 2025 promete ser uma das mais memoráveis. Com uma programação pulsante, o Fica reafirma seu lugar como uma das principais vitrines do cinema ambiental, indígena e social no país.

Receba as principais notícias diariamente em seu celular. Entre no canal de WhatsApp do portal Gazeta Culturismo clicando aqui.


Copyright © 2024 // Todos os direitos reservados.