Goiás atinge balanço “carbono positivo” e se destaca como referência ambiental

Estado de Goiás visa liderança em crédito de carbono no país

Cerrado de Goiás é selo 'carbono positivo' (Foto: Pexels)

Um levantamento inédito mostra que, desde 2006, o setor florestal e ambiental do estado de Goiás está classificado como “carbono positivo”, graças à redução do desmatamento e ao avanço na recuperação da vegetação nativa. Isto significa que o meio ambiente consome mais dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera do que emite.

As estimativas foram elaboradas pelo Earth Innovation Institute (EII), organização internacional sediada em Berkeley (EUA), contratada pelo Governo de Goiás para desenvolver o estudo. O instituto atua em programas de conservação florestal e desenvolvimento rural de baixo carbono em países como Brasil, Colômbia e Peru.

Tecnologia de ponta ajuda Goiás a medir carbono positivo

O levantamento utilizou informações da Chloris Geospatial Inc., empresa especializada em sensoriamento remoto de alta resolução. Por meio de satélites e tecnologia LiDAR, foi possível medir a biomassa acima do solo com precisão de até 10 metros, produzindo mapas anuais de carbono entre 2000 e 2024.

De acordo com o estudo, o estoque de biomassa florestal em Goiás tem crescido de forma constante nas últimas duas décadas, impulsionado pela regeneração natural e por projetos de reflorestamento. Até 2024, o estado alcançou um balanço líquido de 513 milhões de toneladas de CO₂ equivalente.

“Goiás apresenta resultados expressivos de ganho de biomassa florestal, reflexo da recuperação da vegetação nativa”, afirma Daniel Nepstad, diretor executivo do EII e coordenador da pesquisa. “Com a queda do desmatamento, é importante monitorar as emissões por incêndios florestais, que ainda representam uma ameaça crescente”, alerta.

Cerrado ganha protagonismo na agenda climática

Enquanto a Amazônia continua sendo o foco principal das políticas federais de redução de emissões, Goiás vem mostrando que o Cerrado também desempenha um papel essencial na agenda climática nacional. Em 2024, o estado registrou a menor taxa de desmatamento de sua história, consolidando-se como referência em controle ambiental e monitoramento florestal.

Autoridades e especialistas atribuem esse avanço à modernização das políticas públicas e à adoção de práticas sustentáveis pelo agronegócio. O governo estadual tem reforçado a fiscalização, melhorado o licenciamento ambiental e implantado programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). No campo, produtores têm aumentado a produtividade sem expandir a fronteira agrícola, reduzindo a pressão sobre ecossistemas nativos.

Reconhecimento nacional e novos investimentos

O progresso goiano foi reconhecido pela Comissão Nacional para REDD+ (CONAREDD+), que declarou o estado elegível para captação de recursos pela redução do desmatamento e da degradação florestal. A decisão, aprovada em reunião do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), confirma que Goiás poderá acessar pagamentos por até 182 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (tCO₂eq) que deixaram de ser emitidas entre 2011 e 2020.

Segundo o MMA, essa elegibilidade reforça o compromisso do estado com as diretrizes de REDD+, assegurando transparência, participação social e salvaguardas socioambientais. O reconhecimento também abre portas para novas parcerias internacionais e financiamentos voltados à conservação do Cerrado.

Goiás mira liderança em créditos de carbono no COP30

O bom desempenho fortalece a estratégia estadual de criar um Programa Jurisdicional de REDD+ (JREDD+), que deverá atrair investimentos e recursos para políticas de baixo carbono. O plano inclui aprimorar o sistema de monitoramento e consolidar uma estrutura para gerar créditos de carbono reconhecidos globalmente.

“Goiás chega à COP30 com um papel positivo na proteção das florestas e na redução das emissões. Os compradores de commodities do estado podem se orgulhar de importar de uma região com balanço carbono positivo”, destaca Nepstad.

O pesquisador acrescenta que o modelo goiano pode inspirar outras regiões: um exemplo de integração entre produção agropecuária, conservação florestal e economia verde. Mantendo essa equação de “carbono positivo”, Goiás tem potencial para se tornar a primeira jurisdição do mundo a emitir créditos de carbono de remoção em larga escala — fortalecendo a restauração ambiental, o manejo integrado do fogo e o protagonismo do Cerrado na luta global contra a crise climática.

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Autor: João Pedro Oliveira

Apreciador de boas histórias, filmes e games. Repórter no portal Gazeta Culturismo.

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