Intercâmbio musical aproxima artistas de Hip Hop de Goiás e Argentina

Encontro com artistas latino-americanos acontece no Vera Cult Ponto de Cultura, em Goiânia

Rapper argentina Shitstem (Foto: divulgação)

Nesta sexta, dia 12 de setembro, o projeto Rua Mix 360 (@rua_mix), realizado pelo Vera Cult Ponto de Cultura (@veracult) e pelo Intituto Cataliese (@instituto_catalise), aproxima Goiânia da Argentina por meio do Hip Hop, um movimento que desde sua origem resiste como criação coletiva.

Para este intercâmbio musico-cultural, a capital recebe pela primeira vez as argentinas Shitstem (@shitstem) e Agata Medin (@agata.wav) . A primeira, rapper queer disruptiva, uma das vozes mais potentes do cenário latino-americano, já dividiu palco com artistas que hoje ocupam festivais e rádios de alcance mundial, como Nicki Nicole e Trueno. A segunda, multi-instrumentista e pesquisadora, à frente da produtora Ojo Emergente (@ojo.emergente), tem investido no fortalecimento de artistas independentes e na democratização do acesso à indústria musical.

Agata Medin (Foto: divulgação)
Agata Medin (Foto: divulgação)

Não é pouca coisa. Ao reunir trajetórias tão distintas, o encontro em Goiânia revelou que a profissionalização artística na América Latina continua atravessada por tensões semelhantes, como falta de acesso e dificuldade de circulação, mas sobretudo pela mesma potência de criar redes, de afirmar identidades, de desafiar os modelos engessados pela indústria.

É sintomático que esse diálogo aconteça no Hip Hop, um gênero que se reinventa justamente pela troca e pela oralidade. Shitstem e Agata não vieram apenas “mostrar seus trabalhos”; vieram para somar e aprender, para vivenciar o que artistas goianos também enfrentam em suas trajetórias. Essa horizontalidade é o que dá sentido ao intercâmbio.

Ao longo da residência, que segue até o dia 22, o projeto abre espaço para algo maior: a construção de um corredor cultural entre cenas independentes de Brasil e Argentina. Esse movimento não deve ser visto como “atividade pontual”, mas como exemplo de política cultural que precisa se repetir.

O workshop conduzido por Agata Medin, sobre distribuição e lançamento musical, é mais um aceno à urgência de ferramentas concretas para quem deseja viver da música sem depender exclusivamente das engrenagens da indústria. Se quisermos que a arte seja sustentável, precisamos garantir que esses saberes circulem — e que cheguem a artistas periféricos, negros, indígenas, mulheres, pessoas LGBTQIAP+.

Para quem ainda não sabe, o Projeto Rua Mix 360 oferece formações voltadas para profissionalização no setor da música e inclusão cultural, com destaque para temas como Formalização e Direitos Autorais , Marketing Para Artistas e Distribuição e Agenciamento Artístico. Com o apoio do Ministério da Cultura e patrocínio do Instituto Cultural Vale, aprovado pelo programa Rouanet nas Favelas, o Rua Mix 360 não resolve sozinho os desafios do setor musical. Mas aponta um caminho: resistir pela troca, fortalecer pela escuta, reinventar pela colaboração.


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Autor: Mari Magalhães

Mari Magalhães é jornalista, roteirista, assessora de imprensa e fotodocumentarista com mais de 10 anos de atuação na cultura goiana Seu foco está voltado para novos talentos da música urbana contemporânea, cinema e atividades da cena underground. Contato:[email protected]

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