Mostra segue até o dia 29 de setembro
Até o dia 29 de setembro, o Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC), localizado no Centro Cultural Oscar Niemeyer, segue com a exposição individual do artista visual Kboco, intitulada “Eu Não Vou Passar em Branco”. A mostra apresenta 135 obras que exploram a interseção entre o ambiente urbano e a natureza, utilizando diversas técnicas e suportes. O público pode visitar gratuitamente a exposição diariamente, das 14h às 20h.
Com curadoria de Felipe Scovino, a exposição reflete a conexão profunda de Kboco com o cerrado e com os cenários urbanos, criando um diálogo visual entre esses dois mundos. O visitante poderá apreciar assemblages, esculturas e pinturas em madeira, além de intervenções site-specific que interagem com o espaço expositivo do MAC Goiás. Segundo Scovino, Kboco imprime uma “relação intrínseca entre visualidade plástica e paisagem”, destacando a originalidade do trabalho do artista.
Na exposição, Kboco utiliza materiais que remetem à transformação e à relação entre o urbano e o natural, criando uma experiência imersiva que questiona a coexistência desses elementos. A mostra é realizada com o apoio da Lei Paulo Gustavo, operacionalizada pelo Governo Federal e pela Secretaria de Estado da Cultura de Goiás.
Kboco passou os últimos sete anos dedicando-se à pesquisa e produção no cerrado, especialmente na região de Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros. Muitas das esculturas expostas foram confeccionadas com madeiras encontradas pelo artista nas ruas e na natureza goiana. As peças, apesar de isoladas inicialmente, ganham um novo significado quando reorganizadas no espaço expositivo. O uso da madeira em suas obras também aponta para o interesse do artista em evocar o passado e as tradições espirituais de culturas não ocidentais, destacando o poder simbólico desse material.
De acordo com o curador, a obra de Kboco mantém uma “crueza” que reflete a essência do cerrado, equilibrando referências eruditas da arte com saberes de culturas marginalizadas. As cores e gestos sobre a madeira revelam uma ligação direta com a terra, uma marca registrada do trabalho do artista.
A expografia da mostra foi desenvolvida pelo arquiteto Fernando Maculan, em parceria com João Facury. Maculan, reconhecido por sua atuação no Inhotim, destacou a grandiosidade das obras tridimensionais de Kboco e a presença dominante da madeira na exposição. A disposição das peças segue uma lógica rizomática, que reflete a organicidade da vegetação retorcida do cerrado.
“Essa organização espacial reflete a interconexão das obras de Kboco, criando uma exposição mais viva e imersiva”, afirma Maculan. A forma como as peças se articulam no espaço é um reflexo do traço marcante da obra do artista, que une elementos aparentemente desconexos em uma harmonia estética singular.
Saiba mais sobre Kboco
Nascido em Goiânia em 1978, Márcio Mendanha de Queiróz, conhecido artisticamente como Kboco, é autodidata e começou sua carreira influenciado pela cultura hip hop nas ruas de sua cidade natal. Ao longo de mais de 25 anos de produção, Kboco desenvolveu um estilo que mistura influências diversas, de Burle Marx a Basquiat, promovendo uma fusão de tempos e culturas.
Suas obras combinam referências à arquitetura mourisca, à padronagem de tecidos e aos símbolos de culturas pré-colombianas e árabes, resultando em uma produção marcada pelo apreço por culturas subjugadas pela civilização ocidental. Kboco já realizou exposições individuais em São Paulo, Curitiba e Nova York, além de ter participado da 29ª Bienal de São Paulo e pintado murais em diversas cidades do Brasil e do exterior.
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Jornalista com pós-graduação em Comunicação Organizacional e especialista em Cultura, Arte e Entretenimento. Com ampla experiência em assessoria de imprensa para eventos, também compôs redações de vários veículos de comunicação. Já atuou como agente de viagens e agora se aventura no cinema como roteirista e diretora de animação.
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