Mulheres em Tons Vivos e o legado da artista urbana Junger Thai

O grafite é uma das expressões artísticas mais potentes da nossa época. Nasceu da urgência de ocupar os espaços, de deixar marcas em cidades que ignoram corpos e histórias. E se ainda há quem duvide do valor do grafite como arte legítima, basta olhar para o mural recém-finalizado no CEVAM , em Goiânia, para entender o contrário.

Com mais de 100 metros quadrados, a obra da artista urbana Junger Thai no Centro de Valorização da Mulher não apenas transforma uma fachada — ela transforma um território inteiro com o projeto Mulheres em Tons Vivos. É um ato de afirmação de que mulheres de todas as cores, formas e idades estão ali.

O graffiti escolhido para o CEVAM não foi por acaso. Estamos falando de uma instituição que acolhe mulheres em situação de violência — um lugar de recomeço, de reconstrução de vidas. Ter um mural como aquele logo na entrada é uma ruptura simbólica com a ideia de invisibilidade. É uma recepção: “Você é vista. Você importa. Você é arte também.”

Junger Thai não é uma artista comum. É uma muralista de grandeza rara em Goiás, com domínio técnico, visão estética que exalta figuras femininas e que caminham lado a lado com um compromisso social visceral. É arte urbana que provoca, acolhe, denuncia e levanta.

O impacto do projeto não termina na parede. Junger envolveu uma das internas do CEVAM na pintura e ainda promove oficinas com jovens da escola pública do bairro, estendendo a experiência para além do espaço institucional.

A sociedade ainda deve muito ao grafite. Por anos tratado como “vandalismo”, ele continua sendo uma linguagem indispensável. Em Goiás, o trabalho de artistas como Junger Thai precisa ser reconhecido não como exceção, mas como referência. “Mulheres em Tons Vivos” é mais do que um projeto cultural. É a prova de que artista com spray muda não só a cidade — muda as pessoas.

Confira o antes e o depois do CEVAM após a intervenção artística da grafiteira Junger Thai (@jungerthai):

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