Renata Mieko Yamamoto explica como funcionam os medicamentos para perda de peso, fala sobre riscos e o que esperar do futuro do tratamento da obesidade
As chamadas “canetas emagrecedoras”, medicamentos injetáveis usados originalmente no tratamento do diabetes, se tornaram um fenômeno nas redes sociais e nas farmácias brasileiras. Entre as mais populares estão a Ozempic, Mounjaro, Wegovy, Saxenda e também a Olire, novidade 100% brasileira. Mas, afinal, o que há por trás dessa popularização e quais são os reais benefícios e riscos dessas substâncias?
Para esclarecer o assunto, o portal Gazeta Culturismo ouviu a médica endocrinologista e metabologista Renata Mieko Yamamoto, cooperada da Unimed Goiânia.
Segundo a especialista, medicamentos como Semaglutida (Ozempic, Wegovy), Liraglutida (Saxenda) e Tirzepatida (Mounjaro) contêm substâncias que imitam hormônios naturais produzidos pelo intestino.
“As canetas emagrecedoras — Semaglutida (Ozempic, Wegovy), Liraglutida (Saxenda) e Tirzepatida (Mounjaro) — contêm substâncias que imitam hormônios naturais produzidos pelo intestino. Esses medicamentos foram criados, inicialmente, para controlar o açúcar no sangue em pessoas com diabetes. Com o tempo, porém, os estudos mostraram que eles também causavam uma perda de peso significativa, já que diminuem a fome e retardam o esvaziamento do estômago, fazendo com que a sensação de saciedade dure mais tempo. Após essa descoberta, começaram os testes voltados para a perda de peso, e hoje essas canetas se tornaram opções eficazes e seguras para auxiliar no emagrecimento.”
Os resultados são expressivos para o uso de Ozempic, Mounjaro, Olire e outros. Estudos mostram reduções médias de até 15% do peso corporal, podendo chegar a 20% no caso da tirzepatida. Ainda assim, Renata reforça que o efeito não é definitivo: ” Se, ao interromper o uso, a pessoa não mantiver uma alimentação equilibrada, atividade física regular e controle da ansiedade ou da compulsão alimentar, o peso pode voltar.”
A especialista lembra que a obesidade é uma condição crônica e que, muitas vezes, o tratamento precisa ser mantido a longo prazo.
Yamamoto ressalta que os efeitos adversos mais comuns para quem faz uso das “canetas emagrecedoras” incluem náusea, vômito e desconforto abdominal, sintomas que tendem a melhorar com o tempo.
Segundo ela, casos mais raros envolvem hipoglicemia, principalmente em pacientes com diabetes que usam insulina, e pancreatite. “É essencial o acompanhamento médico, incluindo uma boa anamnese. […] Usar o medicamento sem orientação pode ser perigoso”, alerta a médica cooperada da Unimed Goiânia.
Embora todas pertençam à mesma classe de medicamentos, os agonistas de GLP1 — ou GLP1 e GIP no caso da tirzepatida — apresentam variações de potência e frequência de aplicação.
A endocrinologista e metabologista afirma: “A semaglutida e a tirzepatida são atualmente as mais potentes, com aplicação semanal. A tirzepatida, por atuar em dois agonistas, apresentou em estudos perdas de peso maiores que a semaglutida, às vezes chegando a 20% ou mais, dependendo do estudo e da dose.”
Para a médica, essas medicações representam um avanço importante, mas não devem ser vistas como solução isolada. “Essas medicações são uma ferramenta poderosa e segura para a perda de peso, mas o futuro do tratamento dependerá de estratégias integradas, que considerem todos os fatores que contribuem para o ganho de peso”, afirma.
Ela destaca ainda que novas drogas estão a caminho, como a retatrutida, uma substância experimental que combina três hormônios: GLP1, GIP e glucagon. Em testes clínicos, o medicamento demonstrou perdas de peso comparáveis às de cirurgias bariátricas. “A retatrutida está na fase 3 dos ensaios, a última etapa antes da solicitação de aprovação regulatória, com o objetivo de confirmar sua eficácia e segurança.”
De acordo com Renata, o sucesso no controle do peso vai muito além do remédio. “A obesidade é resultado de uma combinação de fatores que fazem o corpo acumular gordura em excesso. Temos os fatores psicológicos, que influenciam o quanto, o que e como comemos — como compulsão alimentar, ansiedade, depressão e baixa autoestima. Também existem os fatores ambientais, como o fácil acesso a comidas industrializadas, ricas em açúcar e gordura, e o sedentarismo, com pouco movimento diário. E não podemos esquecer do estresse e do ritmo de vida — excesso de trabalho, pouco sono e pressão social podem levar a comer mais ou de forma compulsiva.”
A profissional alerta que o tratamento da obesidade não pode se limitar apenas ao médico e ao remédio. “É fundamental contar com a ajuda de outros profissionais, para que o paciente consiga alcançar o objetivo, abordando todos os ‘sabotadores’ que dificultam a perda de peso.”
Ao encerrar a entrevista, Renata Mieko Yamamoto deixa um alerta: “Essas são canetas emagrecedoras, não canetas milagrosas”, destacando que o acompanhamento médico é primordial.
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Jornalista pós-graduada em Comunicação Organizacional e especialista em Cultura, Arte e Entretenimento. Com ampla experiência em assessoria de imprensa para eventos, também compôs redações de vários veículos de comunicação. Já atuou como agente de viagens e agora se aventura no cinema como roteirista de animação.
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