Periferia de Aparecida de Goiânia terá festival de cinema independente inédito; entrada é gratuita

Mostra valoriza o audiovisual independente e forma professores e estudantes para contar histórias com criatividade

Festival Curta Aparecida promete movimentar o cinema em Aparecida de Goiânia (Foto: Ivan Viana)

O cinema vai tomar conta de Aparecida de Goiânia de forma inédita nos dias 14, 15 e 16 de maio, com o Festival Curta Aparecida. O evento promete iluminar o Jardim Buriti Sereno com sessões gratuitas, encontros e debates sobre audiovisual. A proposta é simples e ambiciosa: levar arte, telas e histórias para o coração da periferia brasileira.

A mostra não é competitiva, mas aposta na diversidade das vozes e na força das narrativas locais. Dividido em três frentes – Mostra Aparecida, Documentário e Animações – o festival traz olhares distintos sobre o Brasil, dispondo de 30 curtas-metragens e 7 videoclipes.

No Festival Curta Aparecida serão exibidas produções feitas com recursos da Lei Paulo Gustavo, diretamente em Aparecida de Goiânia. As obras mostram como políticas públicas culturais podem gerar frutos criativos e impactantes, valorizando artistas da região.

Já os documentários e animações garantem uma panorâmica vibrante da produção independente brasileira. Destaque para “Confluências” (PI), que aborda cosmologias quilombolas com a poesia de Nêgo Bispo, e “Luis” (MA), que mistura humor e sensibilidade para retratar o cotidiano da periferia.

O evento nasce com espírito democrático, priorizando o acesso da população e fortalecendo a conexão entre realizadores, curadores e o público. O bairro escolhido não foi aleatório: o Jardim Buriti Sereno é o maior em extensão entre as periferias da América Latina e, por isso, recebe o olhar sensível do festival.

“O festival se coloca como uma plataforma do Brasil para Aparecida de Goiânia”, enfatizam os organizadores. A ideia é ampliar o acesso e revelar a potência do cinema como ferramenta de identidade e transformação.

Programação será composta por exibições, ações e oficinas

O Curta Aparecida vai além das exibições. Com oficinas, oficinas e rodas de conversa, o festival se firma como ação formativa e política. A proposta é formar uma base sólida de agentes culturais no município, fortalecendo educadores, jovens e lideranças comunitárias.

A oficina “Stop Motion em sala de aula: narrativas em movimento” ensina professores de escolas públicas a usarem o celular como ferramenta pedagógica. Os educadores serão capacitados para criar curtas animados com os alunos, espalhando o cinema como linguagem viva nas escolas.

Outro ponto de destaque é o incentivo à criação de cineclubes nos Pontos de Cultura da cidade. Os participantes recebem formação em curadoria, exibição, divulgação e gestão, retomando o movimento cineclubista com visão comunitária e sustentável.

Mostra de cinema teve mais de 400 filmes inscritos

A primeira edição do festival já nasce com projeção nacional. Segundo Pablo Lopes, um dos organizadores, a curadoria recebeu mais de 400 inscrições de todas as regiões do Brasil. “Isso mostra que o Curta Aparecida já é visto como um novo espaço de visibilidade para o cinema brasileiro”, afirma ele.

Com recursos da Lei Paulo Gustavo e apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Aparecida de Goiânia, o evento é realizado pelo Ponto de Cultura Justina, e conta com respaldo do Ministério da Cultura e do Governo Federal.

Confira a programação do Festival Curta Aparecida:

14 de maio – Mostra Documentário e Ficção

  • Confluências (PI) – Direção: Dacia Ibiapina e Antônio Bispo dos Santos
    Um mergulho sensível nos festejos e saberes do quilombo Saco-Curtume, no Piauí, com a poética filosófica de Nêgo Bispo.
  • Como chorar sem derreter (RJ) – Direção: Giulia Butler
    Uma fábula delicada sobre emoções reprimidas e afeto, em que uma menina cria uma máquina para resgatar a capacidade de chorar de sua companheira de casa.
  • Deixa (RJ) – Direção: Mariana Jaspe
    Com Zezé Motta no papel principal, o filme acompanha Carmen em seu último dia de liberdade antes da volta do marido da prisão.

15 de maio – Mostra Aparecida e Regional

  • Luis (MA) – Direção: Hsu Chien
    Um retrato emocionante da vida de Exu Pereira, um brasileiro comum que transforma adversidades em esperança com fé e humor.
  • Terrão – Paixão pela Várzea (GO) – Direção: Pedro Fernandes
    O futebol amador ganha protagonismo neste documentário que celebra a várzea como espaço de resistência e identidade em Aparecida de Goiânia.

16 de maio – Mostra Experimental e Animação

  • Memórias da Desindustrialização (SP/Chile)
    Uma reflexão visual e filosófica sobre os impactos da desindustrialização e os caminhos do capitalismo contemporâneo.
  • A arte de morrer ou Marta Díptero Braquícero (PB) – Direção: Rodolpho de Barros
    Um encontro entre duas moscas em um restaurante abandonado revela sentimentos de abandono, solidão e humanidade.
  • Balada para Raposo Tenório (GO) – Direção: Samuel Peregrino
    No interior da Capitania de Goyaz em 1850, a chegada de um forasteiro perturba a paz de um arraial e desencadeia temores ancestrais.
Festival Curta Aparecida
Data: 14 a 16 de maio
Local: Escola do Futuro do Estado de Goiás Luiz Rassi (R. Raínha Elisabete, Jd Buriti Sereno, Aparecida de Goiânia)
Ingressos: Gratuitos (não é necessária a retirada)
Outras ações:
Formação para o cineclubismo: O cinema como dispositivo comunitário
- Ponto de Cultura Coletiva Preta (17h às 21h)
- Ponto de Cultura Vila Alzira (8h às 12h)
- Ponto de Cultura Rosa dos Ventos (17h30 às 21h30)
Encontro de Gestão Cultural: Criatividade e Inteligência Artificial
Oficinas Stop motion em sala de aula: narrativas em movimento
- Colégio Estadual José Bonifácio
- Escola Mun. de Tempo Integral Professora Vinovita Guimarães da Silva 
- Escola do Futuro Luiz Rassi

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Pollyana Cicatelli
Autor: Pollyana Cicatelli

Jornalista pós-graduada em Comunicação Organizacional e especialista em Cultura, Arte e Entretenimento. Com ampla experiência em assessoria de imprensa para eventos, também compôs redações de vários veículos de comunicação. Já atuou como agente de viagens e agora se aventura no cinema como roteirista de animação.

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