O teatro independente em Goiás pulsa com criatividade e talento, mas a pergunta que não quer calar é: por que ainda é tão difícil para os artistas serem devidamente remunerados? Em um estado rico em manifestações culturais, os desafios financeiros para quem vive de teatro são gigantescos.
Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos artistas é a falta de investimento contínuo e estruturado. Editais públicos existem, mas burocráticos e muitas vezes favorecem os mesmos grupos, o que dificulta o acesso a novas produções. Além disso, o apoio da iniciativa privada é mínimo, o que obriga muitos profissionais a financiarem suas próprias peças, assumindo riscos que nem sempre trazem retorno financeiro.
Outro fator crucial é a falta de políticas públicas que garantam a valorização do teatro como um setor econômico relevante. Embora existam incentivos culturais, eles não são suficientes para garantir uma cadeia produtiva consistente. Sem um mercado estruturado, a remuneração dos artistas fica instável.
No entanto, algumas oportunidades pontuais surgem como alternativa para artistas e grupos teatrais. O Ponto de Cultura na Vila Alzira, em Aparecida de Goiânia, que completa 30 anos, está com um edital aberto para apresentações teatrais, oferecendo um cachê de R$ 4 mil. O Edital Teatro selecionará cinco espetáculos para se apresentarem na Escola Municipal João Cândido da Silva, ainda neste semestre. As inscrições são gratuitas até 18 de fevereiro de 2025 no site associacaovilaalzira.org.br. Serão contemplados 5 espetáculos de 60 minutos de duração e de classificação livre. O projeto foi contemplado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc pelo Edital Rede Estadual de Pontos de Cultura de Goiás nº 18/2024, operacionalizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura.
O público também desempenha um papel fundamental. Neste caso, o Ponto de Cultura da Vila Alzira vai destinar as apresentações para escolas municipais a fim de incentivar e levar mais teatro para o público infanto-juvenil com pouco acesso a este tipo de arte. O consumo de cultura local precisa ser incentivado. Se os goianos valorizassem mais as produções teatrais da região, isso geraria demanda e, consequentemente, oportunidades para os artistas.
Para mudar esse cenário, é urgente que se crie um ecossistema mais favorável ao teatro independente. O fortalecimento de políticas culturais, o incentivo à produção local e a conscientização do público são passos fundamentais para garantir que os artistas possam viver de sua arte sem precisar enfrentar um caminho tão tortuoso.
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Mari Magalhães é jornalista, roteirista, assessora de imprensa e fotodocumentarista com mais de 10 anos de atuação na cultura goiana Seu foco está voltado para novos talentos da música urbana contemporânea, cinema e atividades da cena underground. Contato:[email protected]
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