A partir do caso de Anitta, proponho uma reflexão sobre o desejo por transformações estéticas, o papel das redes sociais e a importância de fazer escolhas por si — e com segurança
Nos últimos dias, a cantora Anitta voltou ao centro das atenções por mais uma mudança estética. Aposto que você viu muitos vídeos de médicos e outros profissionais comentando quais seriam os procedimentos feitos por ela. Mas quero propor outra discussão aqui: quando falamos em cirurgia plástica, o que está por trás do desejo de transformação? O quanto essa decisão é realmente nossa — e o quanto é moldada pelas imagens e padrões que nos cercam?
Nesta quarta-feira, dia 09, Anitta abriu uma live no seu perfil para falar sobre o marco temporal das terras indígenas e outras pautas políticas, e fez afirmações também sobre a sua nova aparência.
Em uma de suas falas, afirmou: “Isso é um costume. […] E desde então eu não deixei de fazer plástica. Mas eu não acho que é uma coisa que tenho que ficar postando o tempo todo. As outras vezes que fiz, ninguém nem descobriu e nem se falou sobre isso.”
E completou: “Desta vez vi uma discussão na internet sobre quanto eu influencio mulheres e jovens a ‘não aceitarem a própria cara e ficarem se mexendo o tempo todo’ e afirmações de que eu teria um problema psicológico relacionado à própria imagem.”
A declaração traz à tona questões que, como cirurgião plástico, acompanho todos os dias no consultório. Nenhuma decisão de procedimento deveria se basear apenas em celebridades ou redes sociais – claro que podem inspirar, mas não devem ditar um padrão. Precisa vir de dentro — como uma escolha que reflete autoconhecimento, amadurecimento e desejo pessoal. E cabe a nós, profissionais, ajudar o paciente a entender se esse desejo é, de fato, por ele, para agradar alguém ou até “se encaixar em um padrão ou uma tendência”. Recentemente falei sobre Autoestima e cirurgia plástica em outro artigo aqui (neste link)
Vivemos um tempo em que a imagem fala mais alto do que nunca. Nas redes sociais, vemos constantemente figuras públicas — como Anitta ou Kris Jenner, que recentemente viralizou por parecer ter rejuvenescido décadas — surgirem com rostos e corpos transformados. Isso mexe com o nosso imaginário. E, inevitavelmente, desperta comparações: “E se eu fizesse também? Será que o meu resultado seria igual ao dela?”
Esse tipo de projeção não é, por si só, negativa. A estética tem o poder de devolver autoestima, confiança e leveza ao cotidiano. Mas é essencial que toda decisão seja tomada com consciência, segurança e realismo – e não por influência simplesmente. Isso inclui entender que nem tudo o que vemos publicado por aí é real — há maquiagem, filtros, ângulos, edições e, muitas vezes, expectativas inalcançáveis. Afinal, cada pessoa é única. E quanto mostro um antes e depois, por exemplo, deixo claro que é apenas uma referência em uma pessoa com um biotipo parecido, mas que cada organismo é único, assim como o seu resultado não será igual o da sua amiga ou daquela pessoa que te inspira nas redes.
Mas uma coisa é fato: o acesso aos procedimentos estéticos está mais democratizado. No entanto, a responsabilidade continua sendo enorme – cirurgias podem ter intercorrências e isso traz impactos tanto físicos, emocionais quanto sociais. Por isso, ao optar por qualquer intervenção, é preciso buscar profissionais com formação sólida, ética e disposição para orientar com honestidade, mesmo que isso signifique dizer: “não é o momento certo” ou “esse procedimento não é o mais adequado para o seu caso”.
A beleza é uma construção íntima, única, que pode sim usar a cirurgia plástica como uma ferramenta de transformação física e emocional. Mas quando for o caso, que seja por você. Pelo seu desejo. Pela sua história. E que cada transformação respeite o mais importante: sua verdade.
Dr. Pablo Rassi Florêncio
Cirurgião Plástico – Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
CRM-GO 14677 RQE 7719
Atendimentos: MedPlastic Consultórios – Goiânia
Goianésia | Uruaçu | Telemedicina
Meu contato: @drpablorassi | 62 98281-7372
Este conteúdo é de total responsabilidade de seu colunista, que colabora de forma independente com o portal Gazeta Culturismo. Portanto, a Culturismo Comunicação Ltda não se responsabiliza pelos materiais apresentados por este autor.
Receba as principais notícias diariamente em seu celular. Entre no canal de WhatsApp do portal Gazeta Culturismo clicando aqui.
Dr. Pablo Rassi Florêncio (CRM-GO 14677 | RQE 7719) é cirurgião plástico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Total Definer Master e certificado na técnica UGRAFT. Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com residência médica em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica, é preceptor de Cirurgia Plástica no Hospital do Câncer Araújo Jorge, atuando em reconstrução de mama e face. Especialista em contorno corporal, cirurgia mamária, rinoplastia, rejuvenescimento facial e tecnologias de retração de pele, dedica-se à combinação de segurança, técnica avançada e cuidado personalizado com o paciente. Atende em Goiânia, Goianésia, Uruaçu e por te medicina.
Copyright © 2024 // Todos os direitos reservados.