Coletivos e grupo de mulheres negras de todo o estado convocam a sociedade para participar deste encontro na Câmara Municipal de Goiânia
Nesta sexta-feira, dia 31 de outubro, a partir das 13h, uma Audiência Pública alusiva à Marcha de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver reunirá lideranças, movimentos sociais e representantes de diversas organizações negras do país na Plenária da Câmara Municipal de Goiânia. A atividade faz parte da mobilização nacional que antecede a Marcha das Mulheres Negras em Brasília, quando o movimento celebra 10 anos de resistência, organização e luta coletiva. Em tempos em que o Brasil revisita suas feridas e busca caminhos para um futuro mais justo, poucas mobilizações têm essa força simbólica e política como a Marcha.
Essa audiência, convocada pela @marchadasmulheresnegrasgo e pelo Grupo de Mulheres Negras Malunga (@grupo.malunga), em parceria com o gabinete da vereadora @aavasantiago, é parte do movimento que prepara o retorno das mulheres negras a Brasília, em 25 de novembro de 2025, data em que o país e o mundo lembram o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. A próxima Marcha por Reparação e Bem Viver não é apenas uma comemoração — é uma convocação para reavaliar o que avançou, o que falta e, sobretudo, para reafirmar que sem as vozes negras femininas, não há democracia possível.
A primeira Marcha, em 2015, levou mais de 50 mil mulheres às ruas da capital federal com um grito uníssono por vida, liberdade, justiça, igualdade racial, direito à terra, ao trabalho, à educação e à cultura. Foi um marco histórico. Mas também um lembrete incômodo: enquanto o país avançava em políticas públicas, as mulheres negras continuavam a ocupar as estatísticas da desigualdade, do desemprego e da violência.
Dez anos depois, as pautas da Marcha continuam urgentes — talvez até mais. É por isso que momentos como esta audiência pública em Goiânia são tão importantes: reafirmam que o espaço público e que a política deve ouvi-las não apenas como eleitoras, mas como formuladoras de soluções, portadoras de ancestralidade e construtoras de futuro.
O tema “Reparação e Bem Viver” é um chamado coletivo. Reparar para reconhecer os danos históricos do racismo estrutural e das desigualdades de gênero; é devolver dignidade a quem sempre sustentou este país sem o devido reconhecimento. E o Bem Viver propõe outro modo de existir: mais solidário, mais justo, mais conectado à natureza e às comunidades. É um projeto de nação que não explora, mas compartilha.
Não por acaso, o movimento das mulheres negras dialoga diretamente com compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, especialmente os de Igualdade de Gênero (ODS 5) e Redução das Desigualdades (ODS 10). Esses documentos, porém, só ganham vida real quando se transformam em políticas públicas que escutam quem vive as desigualdades na pele.
Ouvir as mulheres negras é um ato político. A Audiência Pública rumo à Marcha das Mulheres Negras não é apenas sobre celebrar uma década de caminhada; é sobre abrir caminho para os próximos cem anos de luta, reparação e Bem Viver. Porque quando as mulheres negras marcham, toda a sociedade avança.
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Mari Magalhães é jornalista, roteirista, assessora de imprensa e fotodocumentarista com mais de 10 anos de atuação na cultura goiana Seu foco está voltado para novos talentos da música urbana contemporânea, cinema e atividades da cena underground. Contato:[email protected]
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