Canoada Xingu 2025 leva aventureiros à imersão nas águas da Amazônia

Expedição de 110 km pelo Rio Xingu, liderada pelo povo Juruna/Yudjá, une turismo, ancestralidade e resistência ambiental

Canoa Xingu 2025 (Foto Marcelo Soubhia ISA 2018)

Entre 22 e 27 de novembro de 2025, o coração da Amazônia receberá viajantes do Brasil e do mundo para uma experiência única. A Canoada Xingu chega à sua sétima edição, convidando os participantes a remar 110 quilômetros pelas águas intensas da Volta Grande do Xingu, no Pará. A travessia percorre um dos territórios mais emblemáticos do país, onde os desafios ambientais se misturam com histórias de luta e inovação local.

Liderada pelo povo Juruna/Yudjá, tradicionalmente conhecido por sua relação ancestral com o rio, a expedição é realizada em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e a Mazô Maná, com apoio do Fundo Amazônia e da Amazon Watch. Mais que uma viagem, o evento é um mergulho na Amazônia real, aquela que pulsa, resiste e se reinventa diante das mudanças climáticas.

Um roteiro entre contrastes e resistência na Canoada Xingu 2025

O ponto de partida é Altamira (PA), cidade que simboliza os paradoxos da região. Ao mesmo tempo em que lidera as emissões de gases de efeito estufa no Brasil e figura entre os municípios mais desmatados, também abriga um mosaico de Terras Indígenas e Unidades de Conservação que têm revelado novas formas de proteção e turismo sustentável.

Durante sete dias, os viajantes vivenciam o que os organizadores chamam de “Detox COP30”, uma pausa nos discursos para sentir, na prática, o que está em jogo no futuro da floresta. Cada remada revela as cicatrizes deixadas por Belo Monte, as ameaças de novos megaprojetos como a mineradora Belo Sun e, sobretudo, a força de um povo que transformou a canoa em símbolo de resistência e esperança.

Criada em 2014 como ato de enfrentamento aos impactos da usina de Belo Monte, a Canoada Xingu hoje representa uma poderosa ferramenta de reconexão com o território. O projeto alia turismo comunitário, valorização cultural e defesa ambiental, tornando-se referência internacional em experiências de base local na Amazônia.

Sete dias de travessia pela alma do Xingu

A expedição parte de Altamira e segue rumo à Terra Indígena Paquiçamba, lar do povo Juruna/Yudjá. Os participantes navegam em canoas tradicionais de madeira, conduzidas por guias indígenas experientes, em uma jornada que combina espiritualidade, natureza e aprendizado.

Ao longo do percurso, há paradas em aldeias e locais sagrados, como a cachoeira do Jericoá, considerada o ponto de origem do mundo na mitologia Juruna/Yudjá. O roteiro inclui visitas a áreas impactadas por grandes obras e momentos de escuta sobre os projetos que ameaçam novamente o rio Xingu.

As noites são vividas em acampamentos nas praias do rio, entre barracas e redes sob o céu amazônico. As refeições coletivas celebram a gastronomia tradicional, com ingredientes locais e modos de preparo transmitidos entre gerações. Trilhas, mergulhos, rodas de conversa e apresentações culturais completam a experiência, que transforma cada remador em testemunha viva da realidade amazônica.

Informações sobre reservas e valores podem ser obtidas pelo Instagram @turismojuruna

Juruna/Yudjá: os canoeiros do Xingu

Os Juruna/Yudjá habitam há séculos as ilhas e penínsulas da Volta Grande do Xingu. Conhecidos como os canoeiros do rio, eles mantêm uma relação profunda com as águas que moldam sua cultura, espiritualidade e modo de vida. Após um período de dispersão forçada no início do século XX, o povo reorganizou-se em dois territórios, a Terra Indígena Paquiçamba (PA) e o Território Indígena do Xingu (MT), retomando o contato por meio de intercâmbios culturais e iniciativas como a Canoada.

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