Castanha de Baru: selo na Europa e valorização da sociobiodiversidade do Cerrado

Produto nativo do Cerrado recebe regulamentação histórica e passa a integrar oficialmente o mercado da União Europeia

castanha de baru do cerrado brasileiro na europa

A Castanha de Baru, nativa do Cerrado brasileiro, acaba de receber autorização formal para ser comercializada em toda a União Europeia. O feito torna a castanha o primeiro produto da sociobiodiversidade do bioma a conquistar aprovação internacional. A decisão foi publicada no Jornal Oficial da União Europeia no último 30 de junho e marca um novo capítulo para a valorização dos recursos naturais brasileiros.

A regulamentação europeia foi aprovada em fevereiro de 2025 pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e representa o reconhecimento de um alimento ancestral como seguro e nutritivo. O processo é fruto de 25 anos de trabalho da CoopCerrado, em parceria técnica com o Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado (Cedac), e com apoio da iniciativa internacional Partnerships for Forests.

“A regulamentação da Castanha de Baru na Europa é mais do que uma vitória comercial. É o reconhecimento de um modelo de desenvolvimento que integra conservação ambiental, soberania alimentar e valorização cultural das comunidades do Cerrado”, afirma a equipe do Cedac.

Baru agora é oficialmente a 8ª castanha do mundo

A conquista posiciona o baru ao lado de outras castanhas brasileiras já consolidadas internacionalmente, como a Castanha do Pará e a Castanha de Caju. Além disso, o reconhecimento da Europa fortalece o título simbólico da Castanha de Baru como a “8ª castanha do mundo“, o que abre portas para uma maior valorização e consumo global do produto.

Rica em proteínas, fibras, ácidos graxos essenciais e minerais, a Castanha de Baru é considerada um superalimento e carrega em sua origem a potência de um modelo de produção sustentável. Ao mesmo tempo em que gera renda, o baru preserva o Cerrado – o segundo maior bioma do Brasil, e o mais ameaçado. Só em 2024, mais de 652 mil hectares foram perdidos para o desmatamento.

Desde 2000, o Cedac desenvolve a cadeia produtiva do baru em conjunto com comunidades tradicionais. A jornada começou com 60 famílias no interior de Goiás e gerou produtos como castanhas torradas, farinha de baru e barras de cereais, hoje presentes na alimentação escolar e em programas públicos de compras institucionais.

Economia do Cerrado ganha força global

Em 2014, o baru se tornou o primeiro produto do Cerrado com certificação orgânica nacional. Em 2023, sua produção passou a contar também com os selos orgânico e Fair For Life, válidos para os mercados dos Estados Unidos e da Europa. Agora, com a aprovação da EFSA, a Castanha de Baru entra em definitivo no circuito da economia global.

Castanha de Baru, do Cerrado brasileiro (Foto: Divulgação)
Castanha de Baru, do Cerrado brasileiro (Foto: Divulgação)

A CoopCerrado, principal responsável pela articulação da cadeia, reúne atualmente mais de 7 mil famílias de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais espalhadas por seis estados brasileiros. A cooperativa promove o manejo sustentável e a comercialização de 176 espécies nativas, incluindo produtos da Amazônia e da Caatinga.

A regulamentação europeia amplia não apenas o mercado da castanha, mas também projeta o Cerrado como berço de soluções sustentáveis e de alimentos de alto valor ecológico e cultural. Para as comunidades que vivem do extrativismo e da agroecologia no Cerrado, a conquista é uma vitória coletiva. E para o mundo, o início do reconhecimento de uma biodiversidade que alimenta, cura e preserva.

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