Combate à dengue: Governo de Goiás aposta em mosquitos com bactéria natural para frear avanço da doença

Nova técnica começa por Valparaíso e Luziânia e promete reduzir drasticamente os casos da doença

combate à dengue wolbito do brasil

O Governo de Goiás inicia, neste segundo semestre, uma nova ação nos municípios de Valparaíso de Goiás e Luziânia para frear o avanço dengue. A técnica consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti contendo a bactéria Wolbachia, com potencial para diminuir também a transmissão da zika e chikungunya. A estratégia reúne os esforços da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e das prefeituras locais no combate às arboviroses.

A bactéria Wolbachia, que ocorre naturalmente em cerca de 60% dos insetos no mundo, impede que os vírus das doenças se desenvolvam dentro do mosquito. Os mosquitos infectados, chamados de Wolbitos, são liberados para se reproduzirem com os Aedes selvagens, passando a bactéria às próximas gerações. O objetivo é que, com o tempo, a maioria da população de mosquitos nas áreas tratadas carregue a Wolbachia.

A iniciativa será usada como reforço às medidas tradicionais, como eliminação de criadouros e aplicação de larvicidas. “Na prática, já se observam efeitos importantes na redução dos casos na estação de dengue seguinte à implantação do método”, ressalta Gabriel Sylvestre, gerente de implementação da empresa Wolbito do Brasil.

Tecnologia natural e eficaz chama atenção internacional

A estratégia já foi aplicada com sucesso em cidades brasileiras como Niterói (RJ), onde a redução nos casos de dengue chegou a 70%, segundo dados preliminares divulgados pela Wolbito. O método também está presente em outros 14 países, com resultados semelhantes.

A subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, alerta que a população deve continuar combatendo os criadouros. “A recomendação é continuar eliminando os mosquitos e os criadouros, pois não há diferença perceptível entre os dois tipos”, reforça.

Neste ano, Goiás já notificou 123.218 casos de dengue, com 72.331 confirmações e 53 mortes, além de outros 79 óbitos em investigação. Apesar da queda de 69% em relação ao mesmo período de 2024, os dados reforçam a necessidade de novas ferramentas de prevenção.

Reforço científico e apoio institucional fortalecem estratégia de combate à dengue

A técnica é respaldada por pesquisas científicas nacionais e internacionais e considerada segura, natural e sustentável. É importante destacar que não se trata de modificação genética, o que reduz resistências e receios por parte da população.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lidera a implantação em parceria com o Ministério da Saúde, com a operação realizada pela Wolbito, empresa responsável pela maior biofábrica de mosquitos com Wolbachia do mundo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também recomenda o uso do método como política pública de saúde. Segundo especialistas, o impacto total da tecnologia pode levar até dois anos para ser completamente mensurado, embora os primeiros resultados surjam já na próxima temporada de chuvas.

Com o avanço da tecnologia, a expectativa é que outros municípios goianos passem a integrar o programa nos próximos anos.

Receba as principais notícias diariamente em seu celular. Entre no canal de WhatsApp do portal Gazeta Culturismo clicando aqui.


Copyright © 2024 // Todos os direitos reservados.