Descubra Vaca Muerta: região de gás natural, fósseis, esporte e natureza na Argentina

Região desponta como destino turístico inusitado após aumento de exportação de gás

Salto de Arroyo Buta-Có em Vaca Muerta (Foto: Luis Alberto Reyes)

O nome Vaca Muerta tem dominado o noticiário econômico mundial devido ao aumento da exportação de gás natural argentino. Mas, além da relevância energética, essa região da província de Neuquén, no coração da Patagônia, guarda cenários de tirar o fôlego, sítios arqueológicos únicos e tradições culturais que ajudam a contar parte da história da Argentina.

Añelo: potencial energético da América do Sul

Em Añelo, cidade que abriga o gigantesco reservatório de gás e petróleo de xisto, nasceu o fenômeno que colocou Vaca Muerta no mapa mundial da energia. O nome do município vem do idioma mapuche e significa “lugar esquecido”, expressão que traduz bem a paisagem árida e desértica do local.

Perto dali, o vulcão extinto Auca Mahuida guarda um dos maiores depósitos de ovos de dinossauros herbívoros já encontrados e uma das últimas reservas de guanacos da Patagônia. Outro ponto de destaque é o Museo de Sitio Ana María Bizet, erguido sobre um antigo cemitério indígena. Em outubro, a tradicional Festa Provincial da Yerra y el Pial anima a cidade com comidas típicas e apresentações folclóricas.

Rincón de los Sauces: o reino dos fósseis em Vaca Muerta

A poucos quilômetros de Añelo, Rincón de los Sauces se destaca como uma das áreas mais ricas em fósseis da Argentina. O Museu Municipal de Paleontologia Argentino Urquiza exibe mais de 800 peças e 15 esculturas em tamanho real da fauna pré-histórica local, incluindo o titanossauro mais completo do mundo, descoberto em 1996.

Nos arredores, as áreas de Auca Mahuida e Cerros Colorados atraem aventureiros para trilhas, mountain bike e observação de espécies típicas da estepe patagônica. Um destaque cultural é o trabalho das mulheres assadoras de Vaca Muerta, que preservam a tradição da carne no fogo de chão, símbolo da gastronomia local.

San Patricio del Chañar: vinhos, dinossauros e esportes

A cerca de uma hora da capital Neuquén, San Patricio del Chañar tornou-se o centro da rota do vinho na província. Vinícolas renomadas como Bodega del Fin del Mundo, Família Schroeder, Malma e Patritti oferecem degustações e visitas guiadas que revelam os segredos da produção local.

Além do enoturismo, o Centro Paleontológico Lago Barreales convida visitantes a acompanhar de perto escavações e estudos de fósseis de dinossauros. No verão, o Lago Mari Menuco, a poucos quilômetros, se transforma em refúgio para amantes de windsurf, canoagem e pesca esportiva.

Buta Ranquil: entre vulcões e cachoeiras de Vaca Muerta

Aos pés do imponente vulcão Tromen, Buta Ranquil impressiona por sua geografia quase extraterrestre. O misterioso El Hoyo, uma cratera de 300 metros de diâmetro cuja origem ainda é um enigma, divide espaço com o Salto del Arroyo Buta-Có, uma cachoeira de 60 metros cercada por cânions e trilhas.

A região abriga ainda os Cráteres de Michicó, formações com até 50 metros de profundidade, e um raro conjunto de cactos colunares que chegam a três metros de altura — uma cena que parece saída de outro planeta.

Octavio Pico: o cruzamento das províncias

Com pouco mais de 300 habitantes, Octavio Pico é um dos povoados mais singulares da Argentina. Localizado exatamente no ponto em que se encontram as províncias de Neuquén, Mendoza, La Pampa e Río Negro, o vilarejo ocupa o único “quatro pontos” do país — e um dos dez existentes no mundo.

Sua história remonta à década de 1930, quando o espanhol José Fernández e sua esposa Aurora Cerna se fixaram na região. Após anos desbravando terras áridas e cavando lagoas, criaram o núcleo que daria origem à comunidade. Hoje, Octavio Pico aposta no turismo científico e na energia como vetores de desenvolvimento sustentável.

Mais do que uma potência energética, Vaca Muerta desponta como um destino turístico em ascensão, onde natureza, ciência e cultura se cruzam. Entre vulcões adormecidos, vinhos premiados e fósseis milenares, a região prova que há muito mais por trás de seu nome do que o gás que movimenta a economia argentina.

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Autor: João Pedro Oliveira

Apreciador de boas histórias, filmes e games. Repórter no portal Gazeta Culturismo.

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