Escapada a Brasília: cafés, arte e boas surpresa

A apenas 210 km de Goiânia, a capital federal é o destino perfeito para uma viagem curta que combina boa gastronomia, arte e momentos em família

Escapada a Brasília cafés, arte e boas surpresa

De acordo com um levantamento global da Booking.com, 62% dos viajantes pretendem fazer viagens curtas dentro do país, com duração de 1 a 4 noites. E quando o assunto é companhia, a viagem em família aparece em destaque: 55% afirmam que devem viajar com familiares próximos, como cônjuges e filhos.

Foi exatamente nesse espírito que vivi minha última experiência: duas viagens curtas, de dois a três dias, em dois finais de semana seguidos para Brasília. A apenas 210 km de Goiânia, menos de três horas de carro, pude aproveitar para rever pontos turísticos, degustar boa gastronomia, fazer passeios culturais e, claro, criar novas memórias.

Brunchs inesquecíveis

Eu adoro brunch (refeição que combina elementos do café da manhã e do almoço) e aproveitei os finais de semana para conhecer dois locais: Café Angelita e o Daniel Briand – esse recomendado por uma amiga que mora na cidade.
No Angelita, pedimos um café completo com bebida quente, suco de laranja, pães acompanhados com manteiga e geleia, e salada de frutas, e complementamos com um croque madame (sanduíche francês clássico, derivado do popular croque monsieur. A diferença principal é a adição de um ovo frito ou pochê por cima do sanduíche, que, segundo a lenda, lembrava um chapéu de aba larga de uma madame). Uma curiosidade: o presunto royal do Angelita é produzido na própria casa em um processo que leva 7 dias para ficar pronto.

Fechamos o nosso café com um delicioso crème brûlée (que significa “creme queimado” em francês e é uma sobremesa clássica da culinária francesa, conhecida pelo contraste entre sua base de creme aveludado e a fina e crocante camada de açúcar caramelizado no topo).

Já no Daniel Briand, optamos por um café completo bem parecido com o do final de semana anterior: bebida quente, suco de laranja, queijo, croissants acompanhados por manteiga e geleia, e salada de frutas, e complementamos com um croque madame – sim, adoramos esse sanduíche, pain au chocolat e sorvete para as meninas.
As duas experiências foram incríveis e super recomendo os locais.

Refeições principais


Entre um passeio e outro, fomos ao restaurante Nonna Augusta, um italiano encantador, onde se destacou o parmegiana – daqueles de sabor intenso e textura perfeita, e o vinho branco produzido em Pernambuco, no Vale do São Francisco – tomamos uma taça do Garziera. Excelente combinação.

Agora, sem dúvidas, o ponto alto da gastronomia em Brasília foi o jantar no Marie Cuisine, considerado o Melhor Bistrô e Restaurante de Brasília pelo Encontro Gastrô 2023, 2024 e 2025, e destaque na lista dos 100 melhores restaurantes do Brasil segundo o ranking da Exame Casual 2025. Ambiente refinado, atendimento impecável e o “Raviole Farcis au Chèvre et Figues” (Raviolinni recheado com queijo de cabra e figo ao molho cacio pepe e crocante de parma), simplesmente uma explosão de sabores na boca. O “Foccacine de Liguria” (Foccacia recheada de queijo brie, presunto parma e mel trufado) também estava espetacular.

Como diz a música “A gente quer (..), diversão e arte”

Entre os compromissos, reservamos um tempo para visitar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde está em cartaz, até 23 de novembro, a exposição “Finca-Pé: Estórias da terra” de Antônio Obá – uma das vozes mais relevantes da arte contemporânea brasileira, tensionando símbolos, religiosidades e imaginários nacionais em obras que transitam entre pintura, escultura, instalação e performance. A dica foi da querida Wanessa Cruz, da Casa Arte Plena (Goiânia).

Com mais de cinquenta trabalhos, entre pinturas, desenhos, instalação e filme-performance, a exposição ganha em Brasília uma dimensão particular: o encontro entre a poética de Obá e o território que moldou sua experiência e sensibilidade. Embora se trate do mesmo conjunto de obras que percorreu as outras cidades, cada espaço imprime novos sentidos.

Para a curadora Fabiana Lopes, a exposição convida a transitar por diferentes registros e temporalidades. “A terra pode ser o chão, o Cerrado, o planeta, um jardim imaginário ou interior. Caminhar pela mostra é percorrer essa multiplicidade, uma fluidez que reflete o pensamento de Obá e a própria construção da exposição, que parte de um núcleo sólido e se desdobra em possibilidades imprevistas.”

O diálogo com o Cerrado é ampliado pelas obras do artista convidado Marcos Siqueira, da Serra do Cipó (MG), que utiliza a terra como matéria-prima para criar pigmentos e personagens. Seus trabalhos expandem o campo poético da mostra, reforçando a fusão entre matéria e lirismo.

O ponto mais alto foi poder tocar na reprodução de algumas obras como um exercício para “ver com as mãos” nos fez perceber o quanto a arte pode ser vivida de formas diferentes – e o quanto isso é transformador. Foi algo marcante durante a visita, tanto para mim quanto para as minhas filhas adolescentes.

Pena que nossa ida pelo CCBB foi rápida. Vimos muitas famílias fazendo piquenique, crianças curtindo o parquinho e muitas pessoas aproveitando todas as exposições em cartaz. Um convite à leveza, ao respiro.

Cinema sob as estrelas

Encerramos o nosso sábado com um programa divertido: o Cine Drive-in Brasília como filme “Mauricio de Sousa: O Filme”, que reconta a vida do quadrinista mais importante do Brasil, desde sua infância, a relação com os pais e os primeiros passos e momentos marcantes que tornaram realidade o seu sonho de se tornar desenhista. Criador de Turma da Mônica e outros personagens famosos da cultura brasileira, a trama traz um olhar pessoal e sensível para a vida de um artista e das referências que o formaram, como sua avó Dita e família, figuras essenciais para a criação da Turma da Mônica. Da descoberta e paixão pelos quadrinhos à construção de uma carreira considerada impossível na época, o longa mostra a coragem de Mauricio de Sousa em sustentar suas ideias, histórias e personagens.

As meninas adoraram: deitaram no porta-malas do carro, pediram pipoca, batata frita e refrigerante e aproveitaram a experiência.

Compras no caminho
A volta para casa incluiu uma parada no Outlet Premium Brasília. Aquele passeio que vale por estar na rota.

Vontade de voltar
Saí de Brasília com a sensação de que ainda há muito por descobrir. Museus, cafés, teatros, feiras e espaços culturais me esperam em uma próxima visita.

Confesso que fiquei triste por não conseguir assistir à peça “Mundo Suassuna”, espetáculo infantojuvenil de teatro inspirado na obra de Ariano Suassuna que conta a aventura de um príncipe em busca de sua coroa no sertão, e estava com ingressos esgotados. Por outro lado, que bacana ver espaços culturais cheios!

Brasília é um destino que merece ser vivido mais vezes, mesmo que em escapadas curtas. E você, também gosta dessas viagens rápidas, em que é possível viver tanto em tão pouco tempo? Me conta: qual foi sua escapada mais inesquecível?

Por Daniele Flöter – jornalista e apaixonada por experiências. Conecte-se comigo pelo [email protected]


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Daniele Flöter
Autor: Daniele Flöter

Daniele Flöter é jornalista formada pela PUC-SP e apaixonada por viagens. Mãe de duas adolescentes, adora viajar com o marido e as filhas. Encara viagens de trabalho e também sozinha com a mesma disposição. Seja com o passaporte brasileiro ou alemão, a meta é não perder uma boa oportunidade. Afinal, uma experiência que gera memórias é um investimento único. Se quiser falar sobre viagens, pode me chamar: [email protected] | @maeagoraeusou

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