Estudos apontam que ambientes naturais ajudam no desenvolvimento infantil
Com a chegada das férias escolares, muitas famílias buscam alternativas para romper a rotina e criar experiências significativas ao lado das crianças. Em vez de viagens longas ou programas fechados, cresce o interesse por atividades ao ar livre, como trilhas, parques naturais e acampamentos, que unem lazer, aprendizado e contato direto com o meio ambiente.
Especialistas apontam que esse tipo de vivência tem impacto direto no crescimento saudável dos pequenos. “O contato com a natureza e o brincar ao ar livre contribuem para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. Essa vivência está diretamente ligada a um desenvolvimento físico, emocional e social mais saudável”, afirma Laís Fleury, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e líder de parcerias internacionais e do portfólio de natureza da Alana Foundation.
Segundo a especialista, ambientes naturais oferecem estímulos que dificilmente são reproduzidos em espaços fechados. Trilhas, parques e áreas verdes apresentam desafios naturais, diversidade de sons, cores e texturas, favorecendo o movimento livre e o bem-estar. “Essas experiências podem acontecer de forma gradativa. A natureza é um ambiente muito democrático, que acolhe e diverte pessoas de todas as idades. Nas férias, é importante reduzir o consumo, diminuir o tempo de telas e oferecer mais contato com a natureza para toda a família”, destaca Laís.
O contato frequente com ambientes naturais estimula todos os sentidos, fortalece vínculos afetivos, incentiva a atividade física e contribui para a redução do sedentarismo. Também está associado ao fortalecimento do sistema imunológico, à produção de vitamina D e ao desenvolvimento do sentimento de pertencimento e cuidado com o meio ambiente.
Mesmo sem sair de casa, é possível criar momentos de conexão. Montar uma tenda no quintal ou improvisar um acampamento doméstico pode ser suficiente para estimular a curiosidade infantil. Para quem consegue viajar, unidades de conservação com estrutura adequada ampliam a vivência. “Mães, pais, filhos e filhas podem dormir sob as estrelas, conversar no escuro da barraca e conhecer novas formas de brincar e aprender com materiais naturais, como madeira, tecido, sementes e terra”, sugere a especialista.
Na mesma linha, o biólogo André Zecchin, gerente da Reserva Natural Salto Morato, mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, destaca o papel educativo desses passeios. “Ao observar pássaros, capivaras, borboletas e outros animais em vida livre, percebemos que todos os seres têm sua importância. Essa experiência nos ajuda a entender que também fazemos parte da natureza e que precisamos conviver em harmonia com o meio ambiente, inclusive nas áreas urbanas”, afirma Zecchin.
Para aproveitar o passeio com segurança, especialistas recomendam calçados resistentes, chapéu ou boné, água, alimentos leves, repelente, protetor solar e roupas confortáveis. No verão, uma troca extra de roupa é essencial, assim como respeitar sempre a sinalização dos locais visitados.
Estudos recentes reforçam a importância de reduzir o tempo de telas. O levantamento “Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida”, realizado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Datafolha, mostrou que cerca de 40% das pessoas percebem crianças mais agitadas com o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, enquanto 56% apontam impactos diretos na saúde.
Já o Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) destaca, em relatório de 2025, que ambientes de aprendizagem externos e naturais impactam positivamente o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social de crianças na primeira infância, defendendo a ampliação do acesso a áreas verdes como estratégia de saúde e sustentabilidade.
Guaraqueçaba (PR) abriga a Trilha das Brincadeiras, na Reserva Natural Salto Morato, com cerca de 500 metros e atividades lúdicas feitas a partir de elementos naturais. “A Trilha das Brincadeiras foi desenvolvida com interações para que as crianças possam brincar livremente, incentivando o toque, as sensações e os sentidos. Os brinquedos são feitos de troncos, pedras, plantas, galhos, cipós, lama, terra e outros materiais que seguem o conceito dos parques naturalizados, ou seja, locais de encontro e brincadeira construídos com elementos da natureza e respeitando as características do local”, explica André Zecchin.
No Rio de Janeiro, a Floresta da Tijuca se destaca como um dos parques nacionais mais visitados do país, com trilhas leves, cachoeiras e fácil acesso urbano. Em São Bento do Sapucaí (SP), a Trilha do Bauzinho oferece caminhada curta e vista privilegiada, ideal para crianças e para contemplar o pôr do sol.
No Norte do país, Presidente Figueiredo (AM) reúne opções como a Cachoeira da Pedra Furada e a Cachoeira Asframa, ambas com trilhas leves e áreas seguras para banho. Já em Fortaleza (CE), o Parque Estadual do Cocó combina trilhas, atividades guiadas e programação infantil nos fins de semana.
A Chapada dos Veadeiros (GO) é outro destino procurado, com trilhas de nível fácil e cachoeiras de águas cristalinas. Em Florianópolis (SC), a Trilha do Rio Vermelho proporciona um passeio educativo em meio à fauna silvestre, reforçando a importância da educação ambiental desde a infância.
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Apreciador de boas histórias, filmes e games. Repórter no portal Gazeta Culturismo.
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