Megalópole chinesa recebeu mais de US$ 100 bilhões em investimento
Cidades fantasmas sempre despertaram curiosidade, seja por tragédias naturais, guerras ou fracassos humanos. Porém, poucas histórias se comparam à de Forest City, uma megalópole futurista avaliada em US$ 100 bilhões, localizada na Malásia, próxima à fronteira com Singapura.
Concebida para abrigar 700 mil moradores, a cidade hoje vive praticamente deserta, com pouco mais de 20 mil habitantes, após diversas tentativas do governo malaio de atrair novos moradores, turistas e investidores.
Planejada como uma cidade-modelo sustentável, com foco em tecnologia, energia limpa e integração ecológica, Forest City prometia ser um paraíso urbano para a classe média alta chinesa. Isso porque os preços elevados em grandes centros como Xangai afastavam compradores em busca de um segundo imóvel. A proposta era simples: vender casas e apartamentos de luxo a preços acessíveis, aproveitando a proximidade com Singapura e a paisagem costeira da Malásia.
Mas tudo desandou quando o presidente chinês Xi Jinping impôs um limite de US$ 50 mil em investimentos imobiliários no exterior. Essa política praticamente aniquilou a principal fonte de capital do projeto, interrompendo a chegada de investidores chineses, público-alvo da cidade.
Além do bloqueio financeiro, a Malásia enfrentou instabilidades políticas entre 2020 e 2022, com a queda de dois governos consecutivos. A ausência de continuidade administrativa paralisou investimentos, deixou projetos públicos inacabados e aumentou a desconfiança de investidores estrangeiros. Paralelamente, a pandemia da covid-19 atingiu em cheio o turismo e a economia regional, aprofundando o abandono de Forest City.
Durante sua fase de marketing, a cidade foi promovida como um modelo de desenvolvimento verde. A promessa incluía eficiência energética, baixa emissão de poluentes, e preservação ambiental. No entanto, organizações internacionais denunciaram que o megaprojeto foi construído sobre o maior prado de gramíneas marinhas da Malásia, um ecossistema vital para espécies aquáticas e para a estabilidade costeira.
Especialistas classificaram a área como “Ambientalmente Sensível – Grau 1”, ou seja, legalmente inapropriada para qualquer tipo de construção. Mesmo assim, as obras seguiram, afetando severamente a fauna e flora marinha, além de ilhas próximas ao litoral malaio.
Em 2024, numa última tentativa de reverter o fracasso, o governo da Malásia anunciou a transformação de Forest City em uma zona franca de impostos (duty-free), com o objetivo de atrair comércio e novos residentes. Porém, os danos acumulados são profundos.
Engenheiros alertam que o terreno artificial criado para sustentar a metrópole não teve tempo suficiente para se compactar, o que resultou em instabilidade estrutural.
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Apreciador de boas histórias, filmes e games. Repórter no portal Gazeta Culturismo.
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