Produção conta a história real de Curt Nimuendajú, cientista social que viveu entre povos indígenas no Brasil
A animação “Nimuendajú“, dirigida por Tania Anaya, acaba de ser selecionada para os dois maiores palcos do cinema mundial. O longa, que narra a trajetória do etnólogo Curt Nimuendajú, fará parte da cobiçada seção Contrechamp do Festival de Animação de Annecy 2025. Além disso, será exibido no Marché du Film, durante o 78º Festival de Cannes, eventos que consolidam o filme como uma das grandes apostas do ano.
Distribuído pela O2 Play no Brasil e na América Latina, o longa é uma cinebiografia em animação 2D sobre a vida do alemão que chegou ao Brasil no início do século XX. Ao longo de quatro décadas, Nimuendajú viveu entre povos indígenas, documentando suas culturas e se tornando uma referência na antropologia brasileira. Ele é considerado um dos maiores cientistas sociais da história do país.
A cineasta Tania Anaya faz sua estreia em longas-metragens com o projeto, após mais de 30 anos de carreira no audiovisual. Seu trabalho inclui curtas premiados como Balançando na Gangorra, destaque no Festival de Animação de Hiroshima, e Castelos de Vento, vencedor do Tatu de Ouro na Jornada de Cinema Ibero-Americano da Bahia.
Em 2007, Tania também se destacou com Ãgtux, híbrido de documentário e animação premiado no festival alemão de Oberhausen. Agora, com “Nimuendajú“, ela alcança o prestigiado Festival de Annecy, palco que consagrou outros filmes brasileiros como O Menino e o Mundo, indicado ao Oscar.
“Annecy é o lugar perfeito e o nosso sonho com esse filme era estrear neste festival que há mais de 60 anos homenageia os melhores da animação internacional. Para outros filmes brasileiros, como O Menino e o Mundo, foi um evento super importante para manter uma campanha de premiações que chegou até o Oscar”, comenta Igor Kupstas, diretor da O2 Play.
O filme conta com a voz do ator alemão Peter Ketnath, conhecido no Brasil por produções como Cinema, Aspirinas e Urubus e Passaporte para a Liberdade. Ele interpreta as cartas intensas que o personagem principal escreve à irmã na Alemanha e ao amigo Carlos, revelando os desafios e descobertas de sua jornada.
A produção envolveu diretamente as comunidades Apinayé, Canela Rankokamekra e Guarani, fortalecendo o compromisso da narrativa com a representatividade indígena. Em 1906, os Guarani batizaram Curt de Nimuendajú, que significa “aquele que encontrou seu lugar no mundo”. Desde então, ele adotou esse nome como identidade definitiva.
O filme revela o lado mais humano e engajado do etnólogo. Nimuendajú foi uma testemunha atenta da violência contra os povos originários, denunciando a perseguição e expulsão de indígenas promovida por latifundiários e políticas oficiais da época.
A coprodução conta com o apoio do Estúdio Apus, do Peru, e tem estreia prevista nos cinemas brasileiros no segundo semestre de 2025. A expectativa é que o longa amplifique debates sobre identidade, pertencimento e resistência, temas urgentes na atualidade.
Curt Unckel, nome de nascimento, chegou ao Brasil aos 20 anos. Viveu até sua morte, em 1945, completamente imerso nas culturas indígenas. Seu legado ultrapassa a ciência e alcança dimensões sociais e políticas, servindo de inspiração para gerações de pesquisadores e defensores dos direitos indígenas.
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