Paramount lança oferta bilionária para tomar Warner e acirra disputa com a Netflix

Negociação explosiva movimenta Hollywood e reacende disputa pelo domínio do streaming

Paramount lança oferta bilionária para tomar Warner e acirra disputa com a Netflix

A Paramount surpreendeu o mercado ao apresentar uma nova e agressiva oferta para comprar a Warner Bros Discovery, nos Estados Unidos, elevando a tensão na disputa travada com a Netflix. A proposta, feita diretamente aos acionistas, mira todo o conglomerado que abriga marcas icônicas como HBO, Looney Tunes, Friends, Batman e Harry Potter.

A família Ellison, que apoia financeiramente a Paramount, colocou sobre a mesa US$ 30 por ação, o que avalia a companhia em US$ 108,4 bilhões. O movimento busca ultrapassar a oferta feita pela Netflix, declarada vencedora preliminar pela Warner Bros Discovery em 05 de dezembro.

A proposta da Netflix soma cerca de US$ 83 bilhões com dívidas e não inclui toda a empresa. Mesmo assim, continua sendo a recomendação oficial da Warner Bros Discovery, que promete avaliar o novo lance da Paramount e dar uma resposta em até dez dias úteis.

Paramount tenta uma ofensiva hostil pela Warner

A oferta apresentada pela Paramount foi interpretada como uma tentativa de aquisição hostil, já que ignora a posição atual da diretoria da Warner Bros Discovery. O grupo afirma que sua proposta representa uma “alternativa superior”, oferecendo mais dinheiro imediato e menor risco regulatório.

Se o plano da Netflix avançar, a venda só será concluída após a separação de outras frentes do negócio, entre elas a CNN, que passaria a operar como empresa independente. A aquisição pela Netflix também se aproxima de um modelo considerado amigável no mercado, diferente da abordagem assertiva da Paramount.

As ações reagiram de forma distinta nesta segunda-feira. Os papéis da Warner Bros subiram mais de 4%, enquanto a Paramount avançou 9%. A Netflix, por sua vez, registrou queda superior a 3%.

Disputa global e alerta de reguladores

Qualquer vitória dependerá de análises rigorosas nos Estados Unidos e na Europa. Autoridades antitruste devem revisar por meses o impacto sobre a concorrência e sobretudo sobre os consumidores. O presidente Donald Trump já afirmou que “poderia haver um problema” caso a Netflix assuma o controle, citando o tamanho das operações da gigante do streaming.

A Warner Bros Discovery, com quase um século de história, abriga um dos catálogos mais valiosos do entretenimento. De Casablanca a Friends, passando por Super-Homem e Harry Potter, a empresa atravessa forte pressão gerada pela transformação digital e pela corrida do streaming.

A força de cada competidora

Hoje, a Netflix lidera o segmento com mais de 300 milhões de assinantes no mundo. Para o serviço, absorver os filmes e séries da Warner Bros Discovery fortaleceria sua biblioteca e evitaria que concorrentes capturassem esse acervo estratégico.

A Paramount, menor e pressionada, busca escala para sobreviver no setor dominado por gigantes como Netflix e Disney. A empresa avalia que juntar seus 79 milhões de assinantes aos cerca de 120 milhões do HBO Max criaria um player mais competitivo.

Analistas já defendiam que uma união entre Paramount e Warner Bros Discovery faria sentido estratégico. Além disso, as relações da família Ellison com Trump, incluindo Larry Ellison, figura influente no partido republicano, podem facilitar o caminho regulatório da operação. Documentos enviados à SEC indicam que Jared Kushner, genro de Trump, está entre os parceiros financeiros da Paramount.

TV tradicional e impacto político com a venda da Warner Bros Discovery

O plano da Paramount colocaria marcas como CBS e CNN sob a mesma holding, movimento observado com atenção pelo setor de notícias. A família Ellison, próxima do ex-presidente, é alvo de questionamentos sobre possíveis influências políticas.

Trump alimentou a confusão no fim de semana. Elogiou executivos da Netflix no domingo (7), mas atacou a Paramount na segunda-feira (8) depois que o programa 60 Minutes exibiu entrevista com Marjorie Taylor Greene, sua ex-aliada.

David Ellison, CEO da Paramount, afirmou à CNBC que manteve “ótimas conversas” com Trump, mas evitou falar em nome do presidente.

Paramount x Netflix: tensões em Hollywood com a venda da Warner Bros

Ben Barringer, da Quilter Cheviot, avaliou que “quem mais precisa desse negócio é a Paramount, não a Netflix”, classificando o catálogo da Warner Bros como “um bônus”.

Ellison reforçou que a fusão com a Netflix daria poder excessivo a uma única empresa. “É um péssimo negócio para Hollywood”, declarou. Ele também criticou o plano da Warner Bros Discovery de separar suas redes tradicionais, afirmando que isso poderia levá-las ao fracasso. “Creio que [as ações] vão valer muito menos do que as pessoas estão dizendo”, disse.

Executivos da Netflix afirmaram nesta segunda-feira (08/12) que seguem confiantes. Disseram não prever cortes significativos e classificaram o movimento da Paramount como “totalmente esperado”.

Especialistas apontam que a proposta da Netflix enfrentará escrutínio sobre o domínio no streaming, enquanto a da Paramount exigirá atenção especial ao impacto em anunciantes e distribuidores de TV, especialmente nas áreas esportiva e infantil.

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