Pesquisador Fred Le Blue quer transformar Pirenópolis em polo de turismo cultural e sustentável

Projeto usa som, imagem e afeto para valorizar o Cerrado e impulsionar o turismo como matriz econômica de Goiás

fred le blue em pirenópolis

Desde 2022, o pesquisador e artista Fred Le Blue vem utilizando a arte como ferramenta estratégica para atrair mais turistas interessados por cultura em Goiás, especialmente Pirenópolis. A iniciativa, que integra sua residência pós-doutoral pelo programa Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER-UEG), chega à reta final no segundo semestre de 2025 com um acervo de 30 canções, centenas de registros fotográficos e uma metodologia chamada “arteteturismo”.

A proposta surgiu da necessidade de criar vínculos afetivos com o território por meio da arte, valorizando o Cerrado e sua diversidade cultural. Através da música, fotografia e performance, Fred buscou incentivar o turismo de maneira sustentável, acessível e inclusiva, promovendo experiências que unem educação, cultura e consciência socioambiental.

A principal vitrine do projeto é a canção “Pedra de Pirenópolis”, selecionada na curadoria do Estúdio Canto da Primavera em 2022 e produzida com apoio técnico do Estúdio Up Music. Ela abriu caminho para a construção de uma identidade musical voltada à valorização da paisagem cultural local.

Turismo, arte e inovação andam juntos no Cerrado

Ao todo, o projeto gerou um acervo multimídia que documenta festas tradicionais, como as Cavalhadas e a Folia do Divino, além de retratar a vida cotidiana de Pirenópolis. As canções transitam entre rock, MPB, jazz, blues e ska, compondo um mosaico sonoro inspirado no patrimônio arquitetônico, natural e imaterial da cidade.

Parte dessas composições integra a ópera-rock “LIS & BETH: inspiradas baladas dos Pireneus goianos para os Pirineus franceses”. A obra faz parte de uma trilogia sobre paisagens femininas do Cerrado, que também inclui “LUA & ANA”, criada para o Vale da Lua, em Alto Paraíso.

A experiência gerou ainda o portal Inspirinopolis.weebly.com, que funciona como plataforma de divulgação do turismo cultural e da produção artística local. “Esse uso de ferramentas multitarefas e multimídias de educomunicação aplicada à educação, à pesquisa, à defesa e à projeção do patrimônio, memória, arte, sustentabilidade e turismo, podem ser agora aplicados em diversas ‘praças’”, afirma Fred Le Blue.

Comunicação educativa como ferramenta de preservação e inclusão

A atuação do projeto Inspiri teve forte impacto não só no campo turístico, mas também na mobilização comunitária e na valorização de pessoas historicamente excluídas do protagonismo local. A pesquisa contribuiu para a criação de redes inclusivas com participação de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e PcD, aliando cultura à defesa de direitos.

A proposta inclui contrapartidas sociais em escolas públicas, com oficinas de educação patrimonial, ambiental e artística. A ideia é estimular a produção de memórias coletivas sustentáveis, ampliando a consciência da população sobre o valor histórico e ecológico do território.

Em Pirenópolis, Fred também coordenou um espaço de diálogo chamado PIR’Inova e criou o observatório PIRENEUS 360°, com o objetivo de trocar dados e ideias através de reuniões para novas políticas públicas voltadas ao turismo sustentável.

Para além do agro: Fred Le Blue e sua utopia turística

O pesquisador defende que o turismo pode ser um dos principais motores da economia goiana. Ele critica a dependência da monocultura agropecuária e propõe um novo modelo de desenvolvimento, no qual arte e ciência caminham juntas.

fred le blue
Pesquisador e artista Fred Le Blue (Foto: Divulgação)

“Nossa utopia é transformar Goiás em um Estado campeão não só do agronegócio, mas também do turismo rural e da agricultura sustentável para que possamos contribuir e mitigar os impactos das mudanças climáticas”, defende Fred.

A ideia é expandir a metodologia para outras cidades do estado, criando um mapa sonoro e afetivo do Cerrado. E assim colocar Goiás na rota de grandes movimentos musicais brasileiros que também funcionaram como embaixadores de seus territórios, como a Tropicália, o Clube da Esquina e a Bossa Nova.

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