Asteroide 2025 PN7 segue a mesma trajetória do planeta e deve permanecer em sintonia orbital até 2083
O céu ganhou um novo visitante, chamado popularmente de “duas luas”. Astrônomos confirmaram a existência do asteroide 2025 PN7, um corpo de cerca de 19 metros de diâmetro que se move em sintonia com a Terra. Detectado em agosto de 2025 pelo observatório Pan-STARRS, no Havaí, o objeto deve permanecer acompanhando o planeta pelos próximos 58 anos, funcionando como uma espécie de “segunda lua”, mas sem realmente orbitá-lo.
A confirmação veio por meio da Sociedade Astronômica Americana, despertando curiosidade nas redes sociais. Apesar da empolgação com a ideia de “duas luas”, os cientistas explicam que o 2025 PN7 não orbita a Terra, mas o Sol, seguindo uma trajetória quase idêntica à do nosso planeta.
O pequeno corpo celeste vem “escoltando” a Terra há cerca de seis décadas, segundo as simulações feitas por astrônomos. E tudo indica que ele permanecerá por aqui até pelo menos o ano de 2083.
Batizado de quase-lua, o 2025 PN7 chamou atenção por seu movimento singular: ele percorre o espaço quase exatamente no mesmo ritmo da Terra, como se ambos estivessem lado a lado na órbita solar. De longe, essa sincronia cria a ilusão de que o corpo está preso ao planeta, o que levou muitos a acreditar que a Terra teria ganhado uma nova lua.
Mas, na prática, não é o caso. O asteroide apenas acompanha a Terra em uma dança orbital complexa, ditada pela gravidade.
Uma lua, ou satélite natural, é um corpo que orbita diretamente um planeta, de forma estável e natural. É o caso da Lua, nosso exemplo mais conhecido. O 2025 PN7, porém, não se enquadra nessa definição.
“O 2025 PN7 é um asteroide pequeno, classificado como um dos chamados ‘asteroides próximos da Terra’, categoria que já soma mais de 30 mil objetos conhecidos”, explica Fernando Virgilio Roig, pesquisador e diretor substituto do Observatório Nacional (ON), ao G1.
“Ele é considerado um ‘quase satélite’ ou, de forma mais popular, uma ‘quase-lua’ porque não é uma lua de verdade: para isso, precisaria orbitar a Terra. No caso desse corpo, o movimento é em torno do Sol, embora sua trajetória acompanhe de perto a do nosso planeta”, acrescenta Roig.
A descoberta rapidamente viralizou nas redes sociais com publicações sobre “duas luas“. Diversas postagens afirmavam que a NASA havia confirmado uma “nova lua da Terra”, o que não é verdade.
Até o momento, a agência espacial norte-americana não se pronunciou oficialmente sobre o caso. A ausência de comentários se deve à suspensão temporária das comunicações da NASA desde 1º de outubro, provocada pela paralisação do governo dos Estados Unidos.
Enquanto isso, a comunidade científica segue analisando as “duas luas” e o comportamento do asteroide 2025 PN7, que oferece uma oportunidade única de estudo.
O asteroide 2025 PN7 foi identificado a partir do telescópio Pan-STARRS, instalado no alto do vulcão Haleakalā, no Havaí. O observatório é um dos principais do mundo dedicados à busca por objetos próximos à Terra.
As análises iniciais apontam que o asteroide mede entre 20 e 40 metros de diâmetro, tamanho pequeno para os padrões do espaço, mas grande o suficiente para ser detectado. Ele pertence ao grupo conhecido como Arjunas, formado por corpos que compartilham órbitas muito semelhantes à da Terra, quase circulares, com leve inclinação e o mesmo período de translação de cerca de um ano.
Essas características fazem com que objetos como o 2025 PN7 possam ser “capturados” temporariamente pelo campo gravitacional terrestre. O resultado é uma parceria orbital temporária, em que o corpo parece acompanhar a Terra em uma relação estável, mas passageira.
Simulações indicam que o 2025 PN7 está nessa configuração há cerca de 60 anos. Em determinados momentos, ele chega a 4 milhões de quilômetros de distância, o equivalente a dez vezes o espaço entre a Terra e a Lua. Em outros, se afasta até 18 milhões de quilômetros.
Esse movimento de aproximação e afastamento é resultado direto da ressonância gravitacional, fenômeno em que dois corpos completam suas voltas ao redor do Sol em tempos idênticos.
“Em algum momento, ele vai sair dessa condição, porque esses asteroides quase satélites não são permanentes”, explica Roig. “O que se calcula é que ele continuará na região dos objetos próximos da Terra, mas fora dessa configuração. Talvez, depois de milhares de anos, ele volte a se tornar um quase satélite temporário, mas isso é muito difícil de prever”, acrescenta.
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