Bloco Tambores do Orum desfila por Goiânia com celebração afro-brasileira

Nos dias 15 e 16 de fevereiro, Goiânia será palco de desfile que une história, resistência e cultura afro-brasileira. O bloco Tambores do Orum, organizado pelo Orum Aiyê Quilombo Cultural, caminhará pelas ruas da cidade com o enredo “Malês e o levante africano”, celebrando a insurreição afro contra os abusos da branquitude.

O cortejo terá início às 16 horas, com saída marcada para as 17 horas, nos dois dias. No sábado (15/2), o bloco percorrerá o Residencial Morada do Bosque, com concentração na rua MB-2, esquina com MB-01. Em caso de chuva, o evento será transferido para a quadra de esportes do Itatiaia. No domingo (16/2), a concentração acontecerá na antiga Estação Ferroviária, na Avenida Goiás, com a apresentação sendo remarcada para a feira coberta da Avenida Paranaíba, esquina com a Avenida Goiás, se necessário.

A apresentação do Tambores do Orum será embalada por instrumentos de matriz africana, como alfaia, atabaque, agogô e xequerê, sob a regência de Noel Carvalho e Weiller Jahmaika. A dança afro, inspirada nos orixás e voduns, será coordenada por Setchegon Sokenou, enquanto a direção geral ficará a cargo de Marcelo Marques e Raquel Rocha. O figurino é assinado por Raquel, e Marcelo coordena as pernas de pau. A produção é compartilhada por Rafaela Rocha e Matheus Alcântara, com Milca Francielle à frente dos cantos.

Marcelo Marques, diretor-geral do Orum Aiyê, ressalta a importância histórica do levante: “Ela deixou um legado importante na história do Brasil, evidenciando a resistência dos africanos escravizados e a luta pela liberdade. A Revolta dos Malês é lembrada como um símbolo de resistência e um marco na história da luta contra a opressão, inspirando gerações futuras na busca por justiça e igualdade”.

Um bloco 100% negro: resgatando o protagonismo cultural

O bloco Tambores do Orum é o primeiro bloco afro de Goiânia formado exclusivamente por pessoas negras, gerido, gestado e tocado por mãos pretas, reforçando o protagonismo negro na cultura carnavalesca.

Inspirado no Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, criado em 1974 em Salvador, o Tambores do Orum surge em Goiânia como uma resposta à predominância de blocos hegemonicamente brancos na cidade. Marcelo Marques contextualiza: “Eles perceberam, em Salvador, que até então os blocos eram compostos majoritariamente por pessoas brancas. Vemos nas ruas de Goiânia blocos hegemonicamente brancos e, com exceção de alguns afoxés, sem nenhuma conexão com a cultura afro”.

O objetivo do Orum Aiyê Quilombo Cultural é seguir os passos de blocos como Ilê Aiyê (BA), Òrúnmilá (RJ), Alafin Oyó (PE) e Ilú Obá de Min (SP), que buscam quebrar a lógica de apropriação cultural no Carnaval e devolver aos negros seu lugar de protagonismo. “Muitos blocos de carnaval receberam uma grande influência da cultura de terreiro, que desta forma leva para as ruas a musicalidade, a dança e o axé das religiões afro-brasileiras. O Orum Aiyê Quilombo Cultural segue os passos percorridos pelos que nos antecederam, aprende e se inspira nos orixás, inquices e voduns para colocar nas ruas de Goiânia um bloco gerido, gestado, regido, dançado e tocado por mãos pretas”, finaliza Marcelo.

O projeto é contemplado pelo edital municipal 010/2024 da Lei Aldir Blanc, garantindo a realização deste importante evento cultural que celebra a ancestralidade e a resistência negra.

Desfile do Bloco Tambores do Orum
Data: 15 e 16 de fevereiro
Horário: concentração às 16h e saída às 17h 
Local: 
15/02 - Rua MB2, esquina com MB-01, Residencial Morada do Bosque
16/02 -  Antiga Estação Ferroviária, Av. Goiás, Centro

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