História reflete na construção cultural do país
No dia 3 de agosto, capoeiristas de todo o Brasil celebram sua arte com orgulho e resistência. A data marca o Dia do Capoeirista, momento em que se destaca a importância dessa expressão cultural nascida nas senzalas e que hoje ecoa em palcos internacionais.
A prática, que mistura luta, dança, música e acrobacias, foi criada por africanos escravizados, especialmente vindos de Angola, no Brasil colonial. Disfarçada como dança para escapar da repressão, a capoeira se tornou um poderoso símbolo de resistência e identidade afro-brasileira.
Apesar de sua origem marcada pela dor da escravidão, a capoeira floresceu e atravessou séculos. Em 2014, foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, consolidando sua importância global.
No final do século XIX, a capoeira foi criminalizada e reprimida pelas autoridades brasileiras. Mesmo sob perseguição, os capoeiristas mantiveram a prática viva, muitas vezes em segredo. A virada começou em 1937, com Mestre Bimba, que fundou a primeira escola legalizada da modalidade, criando a chamada capoeira regional, com sistema de ensino e uniformes.
Mestre Pastinha também deixou um legado fundamental ao consolidar a capoeira Angola, mais tradicional e focada nos rituais e na filosofia da ancestralidade. Ele fundou o CECA (Centro Esportivo de Capoeira Angola) em 1941, tornando-se referência mundial.
A internacionalização da capoeira se intensificou nos anos 1970, com a atuação do grupo Viva Bahia, fundado pela musicóloga Emília Biancardi. Ao lado de nomes como João Grande, Lua Rasta e Jelon Vieira, Biancardi levou as tradições da Bahia a palcos internacionais, promovendo a capoeira em países da Europa, Ásia e América do Norte.
Hoje, a roda de capoeira, onde os praticantes se enfrentam e compartilham canto, instrumentos e movimentos, é vista como expressão viva da cultura brasileira. Suas bases se espalharam por todos os continentes, tornando-se um verdadeiro embaixador do Brasil.
Grandes mestres contribuíram para a disseminação da capoeira pelo mundo. Nomes como João Grande, Jelon Vieira, Lua Rasta e a musicóloga Emília Biancardi fizeram parte do grupo Viva Bahia. Fundado por Biancardi nos anos 1970, o grupo viajou pelo mundo, apresentando capoeira e práticas culturais baianas. Essas viagens estabeleceram as bases da modalidade se desenvolvessem em todos os continentes e se tornasse um dos símbolos do Brasil no exterior.
Mesmo com tamanha projeção internacional, mestres brasileiros frequentemente se sentem mais valorizados fora do país. Muitos se mudam para o exterior em busca de respeito, apoio financeiro e estrutura para ensinar.
Enquanto isso, no Brasil, ainda há desafios para garantir políticas públicas de fomento, espaços adequados e reconhecimento da capoeira como profissão. Para muitos mestres, a data comemorativa é também um lembrete da luta diária por dignidade e visibilidade.
No entanto, a alma da capoeira segue vibrante. Sua música, seus giros e sua história seguem inspirando jovens, unindo culturas e ressignificando um passado de dor em arte e orgulho coletivo.
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Jornalista pós-graduada em Comunicação Organizacional e especialista em Cultura, Arte e Entretenimento. Com ampla experiência em assessoria de imprensa para eventos, também compôs redações de vários veículos de comunicação. Já atuou como agente de viagens e agora se aventura no cinema como roteirista de animação.
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